terça-feira, 4 de setembro de 2007

Lig-lig-lig-lé

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Lig-lig-lig-lé (marcha/carnaval) - 1937 - Paulo Barbosa e Osvaldo Santiago

------Cm
Lá vem o seu China
Na ponta do pé
Lig lig lig lig lig lig lé!
---------------------Bb
Dez tões, vinte pratos
------Ab ------G7
Banana e café
Fm/Ab------- G7--- Cm
Lig lig lig lig lig lig lé!

--------C
Chinês
-----------------------C#º ------G7
Come somente uma vez por mês
Não vai / Mais à Xangai
--------------------C
Buscar a Butterfly
------F
Aqui, com a morena
F#º C
Fez a sua fé
C/E- Ebº Dm G7 Cm
Lig lig li.....g lé!

Lábios que beijei

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É em 1937 que Orlando Silva Orlando Silva se impõe como cantor, igualando-se aos maiores rivais. Para isso, concorre decisivamente sua gravação de "Lábios que Beijei", valsa de enorme sucesso num ano pródigo no gênero.
O disco que tinha na outra face o samba Um juramento falso, a composição jamais encontrou outro intérprete tão perfeito quanto Orlando, então com 22 anos. É tamanha sua integração na história-ação, que se poderia simbolicamente considerá-lo parceiro na autoria de Cascata e Azevedo. Aliás, essa dupla deve boa parte de seu êxito a que lançou várias de suas músicas. O disco inicial de "Lábios que Beijei” com arranjo de Radamés Gnattali, destacando o naipe de cordas, movendo esse tipo de orquestração, que se tornaria a partir de então obrigatória na gravação do repertório romântico brasileiro.
Lábios que beijei (valsa) - 1937 - J. Cascata e Leonel Azevedo
  D           G7          D               B7
Lábios que beijei / Mãos que afaguei
Em A7 D A7
Numa noite de luar, assim,
D E7 A Gb7
O mar na solidão bramia / E o vento a soluçar, pedia
Bm E7 A7
Que fosses sincera para mim.
   D     G7        D                   B7
Nada tu ouviste / E logo que partiste
Em A7 D7
Para os braços de outro amor.
G Ab0 D B7
Eu fiquei chorando / Minha mágoa cantando
Em A7 D Gb7
Sou estátua perenal da dor.
 Bm          B7                  Em
Passo os dias soluçando com meu pinho
Gbm
Carpindo a minha dor, sozinho
Bm
Sem esperanças de vê-la jamais
           Bm6             Gbm
Deus tem compaixão deste infeliz
Db7
Porque sofrer assim
Em Gb7
Compadei-vos dos meus ais.
Bm Em
Tua imagem permanece imaculada
Gb7 Bm
Em minha retina cansada / De chorar por teu amor.
  Em                     Bm
Lábios que beijei / Mãos que afaguei
G7 Gb7 Bm
Volta! dá lenitivo à minha dor.

Um juramento falso

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Um juramento falso (samba) - 1937 - J. Cascata e Leonel Azevedo-- clique para ouvir amostra da música

Tom: E

E7 A7 D
Um juramento falso / Faz a gente sofrer
Db7 Gbm
Um sorriso fingido / Dos lábios d’uma mulher
G Gm D B7
Quando se tem amizade / Sofre-se dor de verdade
E7 A7 D D/Gb F°
Sempre com os olhos fitos / Na felicidade.
Em A7 D
E duro, é triste, é cruel / A dor de uma saudade
Gb7 B7
Quando se teve nas mãos / A felicidade
(Bb7) (Bb7) D
Foi um sonho que feneceu / Foi mais outra quimera
B7 E7
Que se desfez / Eu já fiz um juramento
A7
E não amo outra vez.
Em A7 D
Eu que sempre acreditei / Na possibilidade
Gb7 B7
De ver passar este amor / Para a eternidade
(Bb7) (Bb7) D
Quanto fui tolo, confesso / Isso é conto de fada
E7 A7
É tapiação / O amor nunca existiu / É interesse é ilusão

Gadé

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Gadé (Osvaldo Chaves Ribeiro), compositor e pianista, nasceu em Niterói/RJ em 23/7/1904 e faleceu em 27/10/1969. Cursou o primário em Niterói, e dos 16 aos 20 anos fez curso comercial. Seu insrumento era o piano, que aprendeu a tocar de ouvido.
Em 1924, foi contratado para trabalhar em navios do Lóide Brasileiro, como pianista de orquestra. Em 1926 deixou o Lóide e foi para a Rádio Sociedade, do Rio de Janeiro RJ, onde permaneceu por cerca de seis meses, atuando em seguida nas rádios cariocas Ipanema, Clube do Brasil, Mayrink Veiga, Tupi e Nacional.
Com Valfrido Silva, seu parceiro em inúmeras músicas, compôs o samba Vai cavar a nota (1932), gravado por Francisco Alves. A dupla, considerada uma das principais responsáveis pela fixação do samba-choro, teve como primeiro sucesso Amor em excesso, composto também em 1932, mas gravado apenas em 1936 por Almirante.
Vários sambas-choros da dupla, em geral bem-humorados, obtiveram grande êxito, entre os quais: Estão batendo, gravada por Joel e Gaúcho, Roseira branca, gravada por Carmen Miranda, e Vou me casar no Uruguai, gravada por Almirante, todas de 1935, quando também compôs, em parceria com Almanir Grego, a canção Beijo mascarado, gravada por João Petra.
No ano seguinte, junto com Herivelto Martins e Dalva de Oliveira, participou da inauguração da Rádio Inconfidência Mineira, de Belo Horizonte MG, e teve seu samba-choro Faustina gravado com sucesso por Almirante.
Em 1941, tornou-se funcionário público, passando a trabalhar no Ministério de Viação e Obras Públicas como auxiliar de desenhista. Dedicava-se também a fazer caricaturas nas horas vagas, o que levou Lamartine Babo a chamá-lo de La Fontaine do rádio. Gravou um LP de dez polegadas na Musidisc, o Gafieira, em que tocava piano ao lado de seu parceiro Valfrido Silva, na bateria.
Obras: Estão batendo (c/Valfrido Silva), samba-choro, 1935; Faustina, samba-choro, 1936; Que barulho é esse? (c/Valfrido Silva), samba-choro, 1936; Roseira branca (c/Valfrido Silva), samba-choro, 1936; Vou me casar no Uruguai (c/Valfrido Silva), samba-choro, 1935.
Fonte: Enciclopédia da Música Brasileira - Art Editora PubliFolha

Faustina

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Faustina (samba-choro) - 1937 - Gadé----clique para ouvir amostra da música

------------Am
Xiii…Faustina
E7 -----------------Am
Faustina, corre aqui depressa,
E7 --------------A7
Olha quem está no portão.
Dm
É minha sogra com as malas,

--------B7------------------------- E7----- Am
Ela vem resolvida a morar no porão.
-------E7------------ A7-------------------- Dm
Vai ser o diabo, vamos ter sururu com o vizinho.
-----------------Am
Não estou prá isto, eu vou dar o fora,
---------B7---------------- E7------- Am
Decididamente, eu vou morar sozinho.
Bis

-------G -----------G7 -----------C7M
É minha sogra, mas tenha paciência.
---------B7 --------------------------Am
Não há quem possa com essa jararaca.
---------Dm ----------Eb° ------Em7 ---Am
Meu sogro foi de maca prá assistên_cia,
------------D7--------------------- G
Com o corpo todo retalhado à faca.


----G7 ----------------C7M
Mas comigo é diferente,
--0-------B7 -------------------Am
Não tenho medo desta cara feia,
-----Dm ------------Eb°------- Em7 ---Am
Pego a pistola e desperdiço um pen_te,
D7------------------- G----------- C
Ela descansa e eu vou prá cadeia.
E7 Am A7 Dm Dm Am B7 E7 Am

Eu dei

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Eu dei (marcha/carnaval) - 1937 - Ary barroso ---clique para ouvir amostra da música

Tom: D  Intr.: G G#° D B7 Em7 A7 D

D Em
Eu dei
O que foi que você deu meu bem
Eu dei
Guarde um pouco para mim também
D D7
Não sei, se você fala por falar sem meditar
G
Eu dei
Diga logo, diga logo, é demais
A7 D B7
Não digo
Em7 A7 D
E adivinhe se é capaz
Em
Você deu seu coração
Não dei, não dei
D
Sem nenhuma condição
D C# C
Não dei, não dei
B7 Em
O meu coração não tem dono
Gm D B7 Em A7 D
Vive sozinho, coitadinho, no abandono
D Em
Eu dei
O que foi que você deu meu bem
Eu dei
Guarde um pouco para mim também
D D7
Não sei, se você fala por falar sem meditar
G
Eu dei
Diga logo, diga logo, é demais
A7 D B7
Não digo
Em7 A7 D
E adivinhe se é capaz
Em
Foi um terno e longo beijo
Se foi, se foi
D
Desses beijos que eu desejo
D C# C
Pois foi, pois foi
B7 Em
Guarde para mim unzinho
Gm D B7 Em A7 D
Que mais tarde pagarei com jurinhos
D Em
Eu dei
O que foi que você deu meu bem
Eu dei
Guarde um pouco para mim também
D D7
Não sei, se você fala por falar sem meditar
G
Eu dei
Diga logo, diga logo, é demais
A7 D B7
Não digo
Em7 A7 D
E adivinhe se é capaz

E o destino desfolhou

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E o destino desfolhou (valsa) - 1937 - Mário Rossi e Gastão Lamounier-- clique para ouvir amostra da música

Am
O nosso amor traduzia
E7
Felicidade, afeição
E7/G#
Suprema glória que um dia
E7 Am
Tive ao alcance da mão


Mas veio um dia o ciúme
A7 A/G Dm/F Dm
E o nosso amor se acabou
Bm7/5- E7 Am
Deixando em tudo o perfume
E7 Am
Da saudade que ficou

E7 E7/G# Am Am/E
Eu te vi a chorar
E7 E7/G# Am A7
Vi seu pranto em silêncio correr
Dm Am
E parti a cantar
E7 Am
Sem pensar que doía esquecer

E7 E7/G# Am Am/E
Mas depois veio a dor
E7 E7/G# Am A7
Sofro tanto e esta valsa não diz
Dm Am
Meu amor, de nós dois
E7 Am
Eu não sei qual é o mais infeliz.

Coração Materno

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Todo o romantismo dramático, exacerbado, que caracteriza o estilo Vicente Celestino está em "Coração Materno", composição baseada numa lenda de mais de quinhentos anos, segundo o autor. Secular ou não, o fato é que a tal lenda inspirou a mais trágica (se levada a sério) ou mais ridícula canção de nossa música popular (na foto: Vicente Celestino).
Uma canção sobre as desventuras de um sujeito que mata a própria mãe e lhe extrai o coração, para oferecê-lo a namorada, que assim o exige como prova de sua paixão... E quando volta correndo para completar a missão junto à amada, o desastrado matricida tropeça e cai, quebrando a perna. Nesse momento, o coração materno salta-lhe da mão e, rolando pelo chão, exclama: "Magoou-se, pobre filho meu? / vem buscar-me que ainda sou teu...". Pois esta inacreditável canção impressionou e comoveu os fãs de Vicente Celestino, constituindo-se em um de seus maiores e mais duradouros sucessos.
Em 1968, "Coração Materno" foi utilizado com grande repercussão por Caetano Veloso, no disco Tropicália, simbolizando o culto ao cafona. Em flagrante contraponto à versão patética de Vicente, Caetano deu-lhe uma interpretação linear e fria, acompanhado por uma orquestra de Rogério Duprat.
Assim como O Ébrio, Coração Materno também virou filme, rodado em 1952 e estrelado por Vicente Celestino e sua mulher Gilda de Abreu. Só que no filme, Gilda, autora do argumento, amenizou a tragédia, cancelando o tricídio. Talvez por isso não tenha repetido o sucesso de "O Ébrio"...

Coração materno (canção) - 1937 - Vicente Celestino---clique para ouvir amostra da música

Int.: Dm Em5-/7 A4/7 A7

Dm A7 Dm
Disse um campônio à sua amada:"Minha idolatrada,diga-me o que quer
Am5-/7 D7 Gm Gm/F E A7
Por ti vou matar, vou roubar, embora tristezas me causes mulher
Dm A7 Dm
Provar quero eu que te quero,venero teus olhos, teu porte, teu ser
Am5-/7 D7 Gm A7 D A7
Mas diga, tua ordem espero,por ti não me importa matar ou morrer"
D Bm Em A7 D A7
E ela disse ao campônio, a brincar:"Se é verdade tua louca paixão
D D7 G E A7
Parte já e pra mim vá buscar de tua mãe inteiro o coração"
F#7 Bm Em A7 D A7
E a correr o campônio partiu, como um raio na estrada sumiu
D D7 G A7 Dm
Sua amada qual louca ficou, a chorar na estrada tombou
Dm A7
Chega à choupana o campônio
Dm
E encontra a mãezinha ajoelhada a rezar
Am5-/7 D7 Gm Gm/F
Rasga-lhe o peito o demônio
E A7
Tombando a velhinha aos pés do altar
Dm A7 Dm
Tira do peito sangrando da velha mãezinha o pobre coração
Am5-/7 D7 Gm A7 D A7
E volta à correr proclamando:"Vitória, vitória,tens minha paixão"
D Bm Em A7 D A7
Mas em meio da estrada caiu, e na queda uma perna partiu
D D7 G E A7
E à distância saltou-lhe da mão sobre a terra o pobre coração
F#7 Bm Em A7 D
Nesse instante uma voz ecoou: "Magoou-se, pobre filho meu?
D D7 G A7 D
Vem buscar-me filho, aqui estou, vem buscar-me que ainda sou teu!"

Como vaes Você

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Como vaes você (marcha/carnaval) - 1937 - Ary Barroso---clique para ouvir amostra da música


Como "vaes" você?
-----------------C
– Vou navegando
----------------G7
Vou temperando
Pra baixo todo santo ajuda
-----------------------------C----- C7
Pra cima a coisa toda muda

------F---- Fm--- C
No mar desta vida
---------------Dm
Vou navegando
------G7 ---------A7
E vou temperando
-------------Dm--------- D#º
O céu às vezes é tão claro
---------------C------- A7
Outras escuro
------------------D7
Claro é o passado
---------G7------ C
Escuro é o futuro

----F-------------- Fm----C
Hoje, eu estou convencida
-------------Dm------- G7 -----A7
Que o segredo principal da vida
------------------Dm
Consiste em não forçar
--------D#º -------C------ A7
Em nada a natureza
-----------------D7
Que o resto vem
--------------------G7 ------C
Mas vem, que é uma beleza

Chão de Estrelas

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Numa visita ao poeta Guilherme de Almeida, em 1935, Sílvio Caldas (foto) mostrou-lhe uma canção inédita, intitulada "Foste a Sonoridade Que Acabou". Terminada a apresentação, a canção recebeu um novo nome: "Chão de Estrelas". Aconteceu a mudança por sugestão de Guilherme, tomado de súbito entusiasmo pelos versos, que eram de Orestes Barbosa.
Sobre o fato, ele escreveria trinta anos depois (em crônica incluída no livro Chão de Estrelas, de Orestes): "Nem de nome eu conhecia o autor. Mas o que então dele pensei e disse, hoje o repito: uma só dessas duas imagens - o varal das roupas coloridas e as estrelas no chão (... ) - é quanto basta para que ainda haja um poeta sobre a terra".
Mas não pára em Guilherme de Almeida o fascínio despertado por "Chão de Estrelas" entre nossos poetas. Em 1956, numa crônica em louvor a Orestes, Manuel Bandeira terminava assim: "Se se fizesse aqui um concurso (...) para apurar qual o verso mais bonito de nossa língua, talvez eu votasse naquele de Orestes: ‘tu pisavas os astros distraída..."'.
Composto por Sílvio Caldas sobre um poema em decassílabos - que Orestes relutou em consentir que fosse musicado -, "Chão de Estrelas" é a obra-prima da dupla, que produziu um total de quinze canções, a maioria de muito boa qualidade ("Quase Que Eu Disse", "Suburbana", "Torturante Ironia" etc.). Essas composições cantam amores perdidos ou impossíveis, tratados do ponto de vista masculino e quase sempre localizados em cenários urbanos arranha-céus, apartamentos, cinemas... Embora tenha se destacado no seu lançamento em 1937, "Chão de Estrelas" só se tornaria um sucesso nacional na década de 1950, quando Sílvio Caldas a gravou pela segunda vez.
Chão de Estrelas (canção) - 1937 - Sílvio Caldas e Orestes Barbosa--clique para ouvir amostra da música

Tom: Am

Am E7 Am
minha vida era um palco iluminado
E7 Gm6
eu vivia vestido de dourado
A7 Dm A7
palhaço das perdidas ilusões
Dm E7 Am
cheio dos guisos falsos da alegria
B7
andei cantando a minha fantasia
E7
entre as palmas febris dos corações
Am E7 Am
meu barracão no morro do salgueiro
E7 Gm6
tinha o cantar alegre de um viveiro
A7 Dm A7
foste a sonoridade que acabou
Dm Dm6 Am
e hoje, quando do sol, a claridade
C7 A#7
forra o meu barracão, sinto saudade
E7 Am E7
da mulher pomba-rola que voou
F#m C#m
nossas roupas comuns dependuradas
D
na janela qual bandeiras agitadas
D7 C#7
pareciam um estranho festival
F#7 B7
festa dos nossos trapos coloridos
E7
a mostrar que nos morros mal vestidos
A C#7
é sempre feriado nacional
F#m C#m
a porta do barraco era sem trinco
D
mas a lua furando nosso zinco
D7 C#7
salpicava de estrelas nosso chão
F#7 B7
tu pisavas nos astros distraída
E7
sem saber que a ventura desta vida
A
é a cabrocha, o luar e o violão

Carinhoso

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O Carinhoso tem uma história que começa de forma inusitada, com o autor mantendo-o inédito por mais de dez anos. Esse ineditismo é justificado por Pixinguinha, no depoimento que concedeu ao Museu da Imagem e do Som do Rio de Janeiro em 1968: "Eu fiz o Carinhoso em 1917. Naquele tempo o pessoal nosso da música não admitia choro assim de duas partes (choro tinha que ter três partes). Então, eu fiz o Carinhoso e encostei. Tocar o Carinhoso naquele meio! Eu não tocava... ninguém ia aceitar".

Portanto, o Carinhoso foi "encostado" porque só tinha (e tem) duas partes. O jovem Pixinguinha, então com 20 anos, não se atrevia a contrariar o esquema adotado nos choros da época, a forma rondó (A-B-A-C-A), herdada da polca. Ele mesmo esclarece, no depoimento, que "o Carinhoso era uma polca, polca lenta. O andamento era o mesmo de hoje e eu classifiquei de polca lenta ou polca vagarosa. Mais tarde mudei para chorinho".

Assim, composto na mesma época de Sofres Porque Queres (um choro em três partes) e a valsa Rosa - gravados na Casa Edison em 1917 -, Carinhoso só chegaria ao disco em dezembro de 1928, interpretado pela orquestra Típica Pixinguinha-Donga, na Parlophon. Sobre essa gravação, um crítico pouco versado em jazz publicou o seguinte comentário na revista Phonoarte (n° 11, de 15.01.29): "Parece que o nosso popular compositor anda sendo influenciado pelos ritmos e melodias do jazz. É o que temos notado, desde algum tempo e mais uma vez neste seu choro, cuja introdução é um verdadeiro fox-trot e que, no seu decorrer, apresenta combinações de música popular yankee. Não nos agradou".

Ainda sem letra, Carinhoso teria mais duas gravações, a primeira (em 1929) pela Orquestra Victor-Brasileira, dirigida por Pixinguinha, e a segunda (em 1934) pelo bandolinista Luperce Miranda, figurando em ambos os discos, por erro de grafia, com o título de Carinhos. Apesar das três gravações e das execuções em programas de rádio e rodas de choro, Carinhoso continuava em meados dos anos trinta ignorado pelo grande público.

Em outubro de 1936, porém, um acontecimento iria contribuir de forma acidental para uma completa mudança no curso de sua história. Encenava-se naquele mês no Teatro Municipal do Rio de Janeiro o espetáculo "Parada das Maravilhas", promovido pela primeira dama, D. Darcy Vargas, em benefício da obra assistencial Pequena Cruzada. Convidada a participar do evento, a atriz e cantora Heloísa Helena pediu a Braguinha uma canção nova que marcasse sua presença no palco. Não possuindo nenhuma na ocasião, o compositor aceitou então a sugestão da amiga para que pusesse versos no choro Carinhoso. "Procurei imediatamente o Pixinguinha", relembra Braguinha, "que me mostrou a melodia num dancing (o Eldorado) onde estava atuando: No dia seguinte entreguei a letra a Heloísa que, muito satisfeita, me presenteou com uma bela gravata italiana." Surgia assim, escrita às pressas e sem maiores pretensões, a letra de Carinhoso, uma letra simples (não chega a alcançar o melhor nível de João de Barro), mas que se constituiu em fator primordial para a popularização da composição.

Pode-se mesmo dizer que o Carinhoso só se tornaria um dos maiores clássicos da MPB a partir do momento em que pôde ser cantado. Comprova a afirmação o número de gravações - mais de 200 - que recebeu desde o dia (28.05.37) em que Orlando Silva o registrou em disco. É ainda Pixinguinha, em depoimento ao MIS, quem conta a história dessa gravação: "A maioria não estava interessada em gravar o 'Carinhoso'. Todos queriam gravar a valsa 'Rosa'. Primeiro foi chamado Francisco Alves, que não se interessou. O Galhardo também falhou (deixando de comparecer na data marcada). Então Mr. Evans (diretor da Victor) disse: 'Ah, não! Não grava mais. Não veio no dia, não grava mais'. Aí chamou o Orlando, que gravou o 'Carinhoso' e a valsa 'Rosa"'. Parece entretanto que, antes de gravá-los, o cantor não fazia fé nos versos de Braguinha. Pelo menos, isso foi o que deu a entender seu irmão Edmundo, encomendando ao compositor Pedro Caetano outra letra para o choro.

Comentando essa letra inédita ("Na mansidão do teu olhar / meu coração viu passear / uma feliz e meiga bonança" etc.) em seu livro de memórias, publicado em 1984, Pedro a considerou "piegas, sem graça e com várias palavras caídas em desuso". Editados no mesmo disco (Victor n° 34181), "Carinhoso" e "Rosa" tiveram sucesso imediato, que somado ao de "Lábios que beijei" iria acelerar mais ainda o ritmo da carreira do futuro "Cantor das Multidões", já na época em franca ascensão. "Carinhoso", inclusive, seria adotado por Orlando como prefixo musical de suas audições.

Ostentando o mérito de ser uma das composições mais gravadas de nossa música popular, "Carinhoso" detém ainda o recorde de gravações nos repertórios de Pixinguinha e João de Barro. Além, naturalmente, dos autores e de Orlando Silva, incluem-se em sua relação de intérpretes em discos figuras como Sílvio Caldas, Ângela Maria, Elizeth Cardoso, Elis Regina, Dalva de Oliveira, Maria Bethânia, Radamés Gnattali, Antônio Carlos Jobim, Arthur Moreira Lima, Garoto, Baden Powell, Jacó do Bandolim, Hermeto Pascoal e muitos outros.
"Carinhoso" foi também vencedor de enquete promovida pela Cigarra-Magazine, em 1949, intitulada "Os Dez Maiores Sambas Brasileiros". Quatro décadas depois, seria a música mais indicada pelos participantes da série de programas "As Dez Mais de Sua Vida", produzida e apresentada por Luís Carlos Saroldi nas rádios MEC e JB. Orlando Silva declarou em várias entrevistas ser ele o responsável pela iniciativa de pedir a Braguinha uma letra para o "Carinhoso". A versão de Orlando, porém, foi desmentida por Pixinguinha e Braguinha, encerrando o assunto.

Carinhoso (samba-choro) - João de Barro e Pixinguinha (clique para ouvir a música)

---------C----- E7--- Am ----G7-------- C --- E7--- Am
Meu coração . . . . . . . . . .não sei porque
C7 ------Em-- B7--- Em---- C7 ------Em--- B7 ---Em
Bate feliz . . . . . . . . . . quando te vê
E7----------- Am -----D7----- G
E os meus olhos ficam sorrindo
C7-------- F---- A7------- Dm
E pelas ruas vão te seguindo
F---------------- D7 -Fm ----G7 -------C---- Fm --C
Mas mesmo assim . . . . . . foges de mim

B7------------- Em-------- E7------------ Am
Ah, se tu soubesses como eu sou tão carinhoso
--------------B7--------- Em --B7-- Em
E muito muito que te quero
C------------ G------------ Em
E como é sincero o meu amor
-------------A7------- D7------------ G
Eu sei que tu não fugirias mais de mim
Ab7---- Dm ----G7-- C ---Am
Vem, vem, vem, vem . . . . . . . . . .
-----------------B7------------- Dm--- G7
Vem sentir o calor dos lábios meus
------------------C ------E7
A procura dos teus
---------Am-- E7---- Am
Vem matar esta paixão
C7 ----------F-- A7---- Dm
Que me devora o coração
----------Fm ---C
E só assim então
---------G7------- C--- Fm --C
Serei feliz, bem feliz

Fonte: A Canção no Tempo - Jairo Severiano e Zuza Homem de Mello - Editora 34

Cachorro vira-lata

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Cachorro Vira-lata (samba-choro) - 1937 - Alberto Ribeiro--clique para ouvir amostra da música


---------------D -----------A7--------- D-------------- D7/C--------- G
Eu gosto muito de cachorro vagabundo /Que anda sozinho no mundo
-------------------------- F# ----------G ----------G/B------- D/A
Sem coleira e sem patrão /------ Gosto de cachorro de sarjeta
-------------D--------------- E7 ----------------------A7------ A7/C#
Que quando escuta a corneta / Sai atrás do batalhão

-----------A7 -----------D ------------------------F#7/Bb
E por falar em cachorro / Sei que existe lá no morro
F#7 ----------B7----- G -----------------G/B--------- D/A
Um exemplar / --------Que muito embora não sambe
------------D ----------------E7 ------------------------A7------ A7/C#
Os pés dos malandros lambe / Quando eles vão sambar
-----------------A7---------- D---------------- F#7/Bb-- F#7-- B7---- G
E quando o samba está findo / Vira-lata esta latindo a soluçar
--------G/B---------- D------------------------ A7
Saudoso da batucada / Fica até de madrugada
--------------------------D
Cheirando o pó do lugar

------------A7 ----------------D --------------------F#7/Bb
E até mesmo entre os caninos / Diferentes os destinos
------F#7----- B7 -----G --------------G/B -------D/A
Costumam ser / ---------Uns têm jantar e almoço
--------------D-------------- E7-------------------- A7------ A7/C#
E outros nem sequer um osso / De lambuja pra roer
----------------A7----------- D----------------- F#7/Bb-- F#7-- B7---- G
E quando passa a carrocinha /A gente logo adivinha a conclusão
----------G/B ------D -----------------------A7
O vira-lata, coitado / Que não foi matriculado
---------------------------D
Desta vez "virou"... sabão

Arranha-céu

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Arranha-céu (valsa) - 1937 - Sílvio Caldas e Orestes Barbosa--clique para ouvir amostra da música


A----- E7----------------- A
Cansei de esperar por ela,
Gb7 ------------------B7 ----E7-------------- A---- E7/5+
Toda a noite na janela / Vendo a cidade luzir
----A------ Gbm -----Dbm
Nestes delírios nervosos
------------------------Ab7----------------------- Dbm----- E7
Que os anúncios luminosos / São a cidade a mentir.

A----------- E7 --------A
E toda a vez que descia
------Gb7------------ B7 ----D7 -------------Db7 -----A7
O elevador não trazia / Essa mulher-maldição
D -----------Eb0------ A
E quando lento gemia
-------Gb7 -----------B7 ----E7 --------------A----- E7
O elevador que descia / Subia o meu coração.

Am------------------------- G7
Cansei de olhar os reclames
---------------------------F7
E disse ao peito não ames
----------------------------E7---- (E7)
Que o teu amor não te quer
-----G7------------------ C-------- C7-------------- F7
Descansa fecha a vidraça / Esquece aquela desgraça
-----------------------E7
Esquece aquela mulher.

-----Am------------------ G7
Deitei, então, sobre o peito
-------------------------------F7
Vieste, em sonho, ao meu leito
----------------------E7------- A7
E acordei. Que aflição !
--------Dm-------------- Am------------------- B7
Pensando que te abraçava / Alucinado apertava
---------E7------------- Am----- (Am)
Eu mesmo, meu coração

Apanhei um resfriado

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Apanhei um resfriado (samba-choro) - 1937 - Leonel Azevedo e Sá Róris

Intro: G Eb° D Bm Em A7 D

G B7 E7
Pelo costume de beber gelado
A7 D
apanhei um resfriado que foi um horror
Bm F#m
Porém com medo de fazer despesa,
Db7 F#m A7
isto é franqueza, não fui ao doutor pra me curar
G B7 E7
E tudo quanto foram me ensinando,
F#
eu fui tomando e cada vez pior
G C° D
E quem quiser que siga o tratamento
Bm E7 A7 D
pois se não morrer da cura ficará melhor
F#7 Bm
Tomei de tudo, escalda-pé, chá de limão,
F#7
até xarope de alcatrão
B7
E nada me faltou
Bm
Tive dieta só de caldo de galinha,
Db7 F#7
e o galinheiro da vizinha se evaporou
F#7 Bm
E tive febre, tive tosse, dor no peito,
F#7
até fiquei daquele jeito
B7
Sem poder falar

Em Eb° Bm
Mandei chamar, então, um especialista,
Em Bm
que pediu dinheiro à vista
Db7 F#7 B7 Bb7 A7 D
Prá poder me visitar

(A)

F#7 Bm
No bangalô, porém, choveu a noite inteira,
F#7
e eu debaixo da goteira
B7
Sem ninguém saber
Em Bm
A ventania arrancou zinco do telhado,
Db7 F#7
e me deixou todo molhado, quase pra morrer
Bm F#7 Bm
Sá Guilhermina quis me dar um lenitivo,
F#7
e então me fez um curativo
B7
E eu fiquei jururu
Em Eb° Bm
E foi chamado, finalmente, um sacerdote,
Em F#7
prá me encomendar um lote
Bm Db7 F#7 B7 Bb7 A7 D
De dez palmos no Caju

(A)
Instrumental: G B7 E7 A7 D Bm F#m
Db7 F#m A7 D G B7 E7 A7 F# G C°
D Bm E7 A7 D F#7 Bm F#7 B7 Em
Bm Db7 F#7 Bm F#7 Bm F#7 B7
Em Eb° Bm Em F#7 Db7 F#7 B7
Bb7 A7 D
(A)
Final: G Eb° D Bm Em A7 D

O x do problema

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O 'x' do problema (samba) - 1936 - Noel Rosa---clique para ouvir amostra da música

Intr.:(D6/9 F#m7(b5) B7(b9) Gm7 C7/9 F#7/13 B7/9
E7/13 A7/9 D6/9 Bbm6 D7M)

A7(#5) D6/9 Am7 D7/9 G7M
Nasci no Estácio, fui educada na roda de bamba
G6 A7/13
E fui diplomada na escola de samba
A7(#5) D6/9 A7(#5)
Sou independente, conforme se vê

D6/9 Am7
Nasci no Estácio, o samba é a corda
D7/9 G7M
Eu sou a caçamba
Gm6 F#7/13
E não acredito que haja muamba
B7/9 E7/13 A7/9 D6/9 Bbm6 D7M
Que possa fazer eu gostar de você

F#7/13 F#7(b13) Bm7/9
Eu sou diretora da escola do Estácio de Sá
E7/13 F#7/13 F#7(b13)
E felicidade maior neste mundo não há
B7/4(9) B7/9 F#m7(b5) B7(b9)
Já fui convidada para ser estrela
Em7 B7/9 C7/9
Do nosso cinema
F#7/13
Ser estrela é bem fácil
B7/9 E7/13 E7(#5) A7/4(9)
Sair do Estácio é que é
A7(b9) D6/9
O 'x' do problema
F#m7(b5) B7(b9)
Já fui convidada para ser estrela
Gm7 C7/9
Do nosso cinema
F#7/13
Ser estrela é bem fácil
B7/9 E7/13 E7(#5) A7/4(9)
Sair do Estácio é que é
A7(b9) D6/9 Bbm6 D7M
O 'x' do problema

A7(#5) D6/9 Am7
Você tem vontade que eu abandone
D7/9 G7M
O Largo do Estácio
G6 A7/13
Pra ser a rainha de um grande palácio
A7(#5) D6/9 A7(#5)
E dar um banquete uma vez por semana

D6/9
Nasci no Estácio
Am7 D7/9 G7M
Não posso mudar minha massa de sangue
Gm6 F#7/13
Você pode crer que palmeira do Mangue
B7/9 E7/13 A7/9 D6/9 Bbm6 D7M
Não vive na areia de Copacabana

F#7/13 F#7(b13) Bm7/9
Eu sou diretora da escola do Estácio de Sá
E7/13 F#7/13 F#7(b13)
E felicidade maior neste mundo não há
B7/4(9) B7/9 F#m7(b5) B7(b9)
Já fui convidada para ser estrela
Em7 B7/9 C7/9
Do nosso cinema
F#7/13
Ser estrela é bem fácil
B7/9 E7/13 E7(#5) A7/4(9)
Sair do Estácio é que é
A7(b9) D6/9
O 'x' do problema
F#m7(b5) B7(b9)
Já fui convidada para ser estrela
Gm7 C7/9
Do nosso cinema
F#7/13
Ser estrela é bem fácil
B7/9 E7/13 E7(#5) A7/4(9)
Sair do Estácio é que é
A7(b9) D6/9 Bbm6 D7M
O 'x' do problema

Solo:(Bbm6 D6/9 Bbm6 D7M) 2 Vezes

Querido Adão

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"Querido Adão" foi uma continuação de "Eva querida" (de Benedito e Luiz Vassalo), do mesmo ano de 1935. Ganhou o primeiro lugar no concurso de marchas da Rádio Tupi. Alzirinha Camargo, durante a estada de Carmen em Buenos Aires, ajudou a divulgar essa marchinha, que Carmen também cantou no filme "Alô, Alô Carnaval".
Querido Adão (marcha/carnaval) - 1936 - B. Lacerda e Osvaldo Santiago--clique para ouvir amostra da música


-----Cm
Adão
-------------------G7
Meu querido Adão
-------------------Cm
Todo mundo sabe
-------------G#---- G7
Que perdeste o juízo
---------C7-------------------- Fm
Por causa da serpente tentadora
---------------Cm
O nosso mestre
------------G7-------- Cm
Te expulsou do Paraíso
Adão, Adão


---------G7
Mas em compensação
-----------Cm
O teu pobre coração
---------C7
Que era pobre, pobre
-------------Fm
Muito pobre de amor
-------------------Cm
Cresceu e eternizou meu Adão
----G7------------------ Cm
O teu pecado encantador

Pierrô Apaixonado

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Heitor dos Prazeres fez o estribilho e Noel Rosa as segundas partes de "Pierrô Apaixonado", a melhor marcha do carnaval de 36 ("Um pierrô apaixonado / que vivia só cantando / por causa de uma colombina / acabou chorando / acabou chorando..."). Gravada por Joel e Gaúcho, com um belo acompanhamento da orquestra Diabos do Céu, em arranjo de Pixinguinha, foi também incluída no filme "Alô, Alô Carnaval", com os mesmos intérpretes.
A melodia envolvente, simultaneamente carnavalesca e sentimental, e os versos românticos/ brincalhões de Noel ( "Um grande amor tem sempre um triste fim / com o Pierrô aconteceu assim / levando este grande chute / foi tomar vermute / com amendoim" ) deram um charme especial à história de Pierrô, Colombina e Arlequim, o trio oriundo da commedia dell'arte, elevando a marchinha à categoria de clássico. Embora já bastante enfermo na época, Noel mantinha vivo seu humor de sempre.
Pierrô Apaixonado (narcha/carnaval) - 1936 - Noel Rosa e Heitor dos Prazeres

---------G7+
Um Pierrot apaixonado
---E7--------------- Am7
Que vivia só cantando
-----------------D7/9------ G7+
Por causa de uma Colombina,
-----E7 --------Am7---- D7/9 ----G7+
Acabou chorando, acabou chorando

----------D7/9 ----------------G7+
A Colombina entrou no botequim,
--------------E7------------------- Am7
Bebeu....bebeu....saiu assim.... assim...
-------C7+------------- G7+------ E7 -------A7
Dizendo: - Pierrot cacete, vai tomar sorvete
-------D7/9---- G7+
Com o Arlequim

-----------------D7/9------------------- G7+
Um grande amor tem sempre um triste fim
--------------E7 --------------Am7
Com o Pierrot aconteceu assim....
------C7+----------------- G7+
Levando este grande shoot
--------E7-------- A7
Foi tomar vermuth
------D7/9----- G7+
Com amendoim !

Palpite Infeliz

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Em 1935 Wilson Batista era um jovem compositor que lutava para aparecer no meio musical. Assim, quando "Feitiço da Vila" se projetou como um dos grandes sucessos do ano, ele achou que poderia tirar proveito do fato provocando Noel Rosa com o samba "Conversa fiada" ("É conversa fiada / dizerem que os sambas / na Vila têm feitiço...").
De certa forma a provocação funcionou, pois Noel respondeu com "Palpite Infeliz", reacendendo uma polêmica, iniciada em 1933, com "Lenço no pescoço" (Wilson), contestado por Noel em "Rapaz folgado", seguindo-se "Mocinho da Vila" (Wilson) e o citado "Feitiço da Vila" (Noel e Vadico), que pretendia apenas louvar Vila Isabel. Mas enquanto Wilson revidava "Palpite Infeliz" com "Frankenstein da Vila" e "Terra de Cego", baixando o nível da discussão, Noel se desinteressava do assunto, que morreria num encontro dos dois num café da Rua Evaristo da Veiga.
Na ocasião, Noel escreveu os versos de "Deixa de ser convencido", sobre a melodia de "Terra de Cego", tornando-se assim parceiro do contendor. Na realidade, houve com o passar do tempo uma valorização dessa polêmica que, segundo Almirante, não chegou a entusiasmar o público da época. Rendeu porém excelentes sambas, como este "Palpite Infeliz" que se tornou sucesso de carnaval, embora não tenha sido feito para esse fim.
Sua letra, além de exaltar Vila Isabel, oferece um inventário dos principais redutos sambísticos cariocas nos anos trinta (Estácio, Salgueiro, Mangueira, Osvaldo Cruz e Matriz), que respeitam a Vila e "sabem muito bem" que ela "não quer abafar ninguém". Lançado por Araci de Almeida (que o regravou em 1950), "Palpite Infeliz" fazia parte da trilha musical de "Alô, Alô Carnaval", onde deveria ser interpretado pela cantora, no papel de uma lavadeira estendendo roupa num varal. Mas a cena acabou excluída do filme, por exigência de Araci, que a considerou depreciativa.
Palpite Infeliz (samba) - 1936 - Noel Rosa---clique para ouvir amostra da música
Tom: D
D Dº D
Quem é você, que não sabe o que diz?
Ebº A7
Meu Deus do céu, que palpite infeliz!
F#7 Bm
Salve Estácio, Salgueiro, Mangueira,
E7
Oswaldo Cruz e Matriz
A7
Que sempre souberam muito bem
D F#m B7/4 B7
Que a Vila não quer abafar ninguém
E7 A7 D
Só quer mostrar que faz samba também!
A7 D
Fazer poemas lá na Vila é um brinquedo
D7 G
Ao som do samba, dança até o arvoredo
Em A7
Eu já chamei você pra ver,
D Db C B7
Você não viu porque não quis
E7 A7 D
Quem é você, que não sabe o que diz?
A7 D
A Vila é uma cidade independente
D7 G
Que tira samba, mas não quer tirar patente
Em A7
Pra que ligar a quem não sabe
D Db C B7
Aonde tem o seu na...riz?
E7 A7 D
Quem é você, que não sabe o que diz?

O Ébrio

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Vicente Celestino interpretando "O ébrio".

O sucesso permanente da canção "O Ébrio" inspiraria, dez anos depois de seu lançamento, a realização do filme homônimo, recordista de bilheteria em todo o país. Impressionado com o personagem, o público chegaria mesmo a identificá-lo com seu criador, o abstêmio Vicente Celestino.
Com efeito, o tema e principalmente a forma declamada da interpretação foram fatores decisivos para que se chegasse a tal exagero. A letra dramática, repleta de desventuras e imagens beirando a pieguice, é uma perfeita sinopse para o enredo de um filme, desde o prólogo falado à parte musical propriamente dita. Nesta, o contraste da primeira parte, no modo menor, com a segunda, no modo maior, contribui para ressaltar a tragédia do protagonista. "O Ébrio", que também inspirou uma peça de teatro (em 1936) e uma novela de televisão (na TV Paulista, em 1965), foi lançado no terceiro disco de Vicente Celestino na Victor, gravadora onde ele permaneceu por 33 anos, até sua morte em 1968.
O Ébrio (canção) - 1936 - Vicente Celestino---clique para ouvir amostra da música
"Nasci artista. Fui cantor. Ainda pequeno levaram-me para uma escola de canto. O meu nome, pouco a pouco, foi crescendo, crescendo, até chegar aos píncaros da glória. Durante a minha trajetória artística tive vários amores. Todas elas juravam-me amor eterno, mas acabavam fugindo com outros, deixando-me a saudade e a dor. Uma noite, quando eu cantava a "Tosca", uma jovem da primeira fila atirou-me uma flor. Essa jovem veio a ser mais tarde a minha legítima esposa.
Um dia, quando eu cantava "A Força do Destino", ela fugiu com outro, deixando-me uma carta, e na carta um adeus. Não pude mais cantar. Mais tarde, lembrei-me que ela, contudo, me havia deixado um pedacinho de seu eu: a minha filha. Uma pequenina boneca de carne que eu tinha o dever de educar. Voltei novamente a cantar mas só por amor à minha filha. Eduquei-a, fez-se moça, bonita...
E uma noite, quando eu cantava ainda mais uma vez "A Força do Destino", Deus levou a minha filha para nunca mais voltar. Daí pra cá eu fui caindo, caindo, passando dos teatros de alta categoria para os de mais baixa. Até que acabei por levar uma vaia cantando em pleno picadeiro de um circo. Nunca mais fui nada. Nada, não! Hoje, porque bebo a fim de esquecer a minha desventura, chamam-me ébrio, ébrio..."

-----Am--------- E7------------------------- Am
Tornei-me um ébrio, na bebida busco esquecer
-------------A7 ----------------------------------Dm
Aquela ingrata que eu amava, e que me abandonou
---------------------Dm6 ---------Am
Apedrejado pelas ruas, vivo a sofrer
--------------B7---------------------------- E7
Não tenho lar, e nem parentes, tudo terminou
---------------------------------------------Am
Só nas tabernas é que encontro o meu abrigo
-----------A7------------------------------- Dm
Cada colega de infortúnio, um grande amigo
-------------------------Dm6--------------- Am
Que embora tenham como eu seus sofrimentos
------------E7----------------------------- Am --------E7
Me aconselham, e aliviam os meus tormentos

----------A-------- Gb7 ---------Bm
Já fui feliz e recebido com nobreza até
----------------E7----------------------- A -------E7
Nadava em ouro, e tinha alcova de cetim
--------------A---------------- Gb7 -------------Bm
E a cada passo um grande amigo em que depunha fé
--------------E7 ---------------A
E nos parentes . . . confiava sim . . .
--------------------------Gb7-------- Bm
E hoje ao ver-me na miséria, tudo vejo então
----------D7 ---------------------------Db7
O falso lar que amava, e a chorar deixei
------------Dm--------- F -----A------------ Gb7
Cada parente, cada amigo, um ladrão
---------------Bm--------- E7------------- A----- Am
Me abandonaram, e roubaram o que amei.

------------E7 -----------------------Am
Falsos amigos, eu vos peço, imploro a chorar
-----------------A7---------------------------------- Dm
Quando eu morrer a minha campa nenhuma inscrição
-----------------------------------Dm6------------ Am
Deixai que os vermes pouco a pouco venham terminar
---------------B7------------------- E7
Este ébrio triste, e este triste coração

---------------------------------------------Am
Quero somente na campa em que eu repousar
--------------A7--------------------------- Dm
Os ébrios loucos como eu venham depositar
---------------------------------Dm6------ Am
Os seus segredos, ao meu derradeiro abrigo
----------E7 -------------------------Am
E suas lágrimas de dor ao peito amigo

No tabuleiro da baiana

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"No Tabuleiro da Baiana" é um dos maiores sucessos de Ary Barroso Ary Barroso nos anos trinta. Sucesso, aliás, que o surpreendeu, conforme confessou à revista Carioca, em 23.10.37: "'No Tabuleiro da Baiana' foi a primeira música que vendi, tão descrente eu estava do seu mérito. Foi-me encomendada por Jardel Jercolis, que pretendia incluí-la em uma das revistas de sua companhia. A música foi mais 'fabricada' que inspirada; produzi-a mais ou menos à força e acabei compondo-a nos moldes de um batuque feito por mim há vários anos (o samba 'Batuque', gravado por Sílvio Caldas e Elisa Coelho em 1931)".
Mas, embora assim classificada, "No Tabuleiro da Baiana" é uma excelente composição, bem ao estilo Ary Barroso, já mostrando várias daquelas inovações que ele começava a incorporar ao samba. Sua introdução instrumental é tão adequada que faz parte integrante da música. A letra dialogada entre homem e mulher, muito bem construída, ideal para um quadro cômico-musical, têm interferências que funcionam como breques, alguns improvisados na gravação original - por exemplo, o breque "Mentirosa, mentirosa, mentirosa..." foi introduzido pelo cantor Luís Barbosa. A seção "Juro por Deus, pelo Senhor do Bonfim..." quase ad libitum, no meio da música, antecipa um procedimento que Ary usaria outras vezes e que sem dúvida, valoriza o retorno ao ritmo marcado, como em "Os quindins de Iaiá" ( 1941 ) e na segunda versão de "No Morro (Eh, eh!)", rebatizada de "Boneca de piche" (1938).
Comprador dos direitos de "No Tabuleiro da Baiana", para uso exclusivo no teatro, Jardel Jercolis o incluiu na revista Maravilhosa (outubro de 36), na qual era cantado e dançado pela dupla Déo Maia e Grande Otelo. Em 31.12, a composição voltou à cena, na revista É Batata!, da mesma companhia, desta vez apresentada por Oscarito e a menina Isa Rodrigues, então chamada de "Shirley Temple brasileira" e que faria carreira no teatro e na televisão. Antes porém da estréia teatral, "No Tabuleiro da Baiana" já estava gravado por Carmen Miranda e Luís Barbosa, sendo revivido em 1980 por Gal Costa e Caetano Veloso e em 1983 por Maria Bethânia e João Gilberto.

No tabuleiro da baiana (samba-batuque) - 1936 - Ary Barroso--clique para ouvir amostra da música

No tabuleiro da baiana tem:

-------D7M -----Em7----- Gbm7----- Em7
Vatapá, oi, carurú, mugunzá, tem umbú
-------D7M
Pra Ioiô
----------Eb0------- A7M-- Bb0---- Bm7
Se eu pedir você me dá o seu coração
---------E7----- Em7 ----A7----- D7M
Seu amor de Iaiá?

No coração da baiana tem :

-------D7M ----Em7--- Gbm7 -----Em7
Sedução, cangerê, ilusão, candomblé
--------D7M
Prá você
---Bm7----------- Gbm7
Juro por Deus, pelo Senhor do Bonfim
----Em7--- A7------ D7M
Quero você, baianinha, inteirinha
--------B7 ------Gbm7/-5
Pra mim
------B7/-9-------- Em7------ A7
E depois, o que será de nós dois
--------D7M----- Em7--- A7--- D7M
Seu amor é tão fugaz, enganador

Bm7 ----------Gbm7
Tudo já fiz, fui até num cangerê
Em7------ A7
Pra ser feliz
---------D7M -------------------B7 ------Gbm7/-5
Meus trapinhos juntar com você
-----B7/-9---- Em7----------- A7
E depois vai ser mais uma ilusão
-------D7M ----Em7 -----A7 -----D7M
No amor quem governa é o coração

Maria Boa

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Maria Boa (samba/carnaval) - 1936 - Assis Valente---clique para ouvir amostra da música


Que vantagem que Maria tem / É boa
Como é que Maria vive / À toa
Com quem é que Maria vive / Comigo
Onde é que Maria mora / Não digo

Não digo, não digo
Porque tenho certeza
Certeza porque sou escolado
Mulher é negócio de lado
E amigo é melhor separado

Que vantagem que Maria tem / É boa
Como é que Maria vive / À toa
Com quem é que Maria vive / Comigo
Onde é que Maria mora / Não digo

Não digo, não digo
Porque tenho certeza
Certeza que a minha Maria
Não vai com a cara do homem
Que tem a falinha macia

Marchinha do grande Galo

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Marchinha do Grande Galo (marcha/carnaval) - 1936 - Lamartine Babo e Paulo Barbosa

     G                     D7
O galo de noite cantou
Em
Toda gente quis ver
D7
O que aconteceu
G
Nervoso, o galinho respondeu:
A7
có, có, có, có, có, có, có, ró

D7 C
A galinha morreu!

D7
có, có, có, có, có, có, ró
G
có, có, có, có, có, có, ró

D7
O galo tem saudade
G
Da galinha carijó!

D7
A minha vizinha também
Em
Certa noite gritou
D7
Toda gente acordou
G
Nervoso, o marido respondeu:
A7
có, có, có, có, có, có, ró
D7 G
Hoje o galo sou eu!

Mágoas de Caboclo

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Mágoas de caboclo (canção) - 1936 - J. Cascata e Leonel Azevedo--clique para ouvir amostra da música


----Am7------ E7------------- Am7
Cabocla seu olhar está me dizendo
----------C7 --------------F7
Que você está me querendo
------------------------E7----- A7
Que você gosta de mim
--------Dm7 ------Dm ----------Am7
Cabocla, não lhe dou meu coração
-------------------------B7
Hoje você me quer muito
---------E7 ---------------Am--- E7-- Am --F7
Amanhã não quer mais não


----------E7----------------------- Am
Não creio mais em amor nem amizade
----------------------E7----------------------- Am------ A7
Vivo só para a saudade que o passado me deixou

Dm7 --------------------------Am
A vida para mim não vale nada
-----------------------------Bb
Desde o dia em que a malvada
----------E7------------- Am----- E7
O coração me estraçalhou


--------Am-------- E7--------- Am
Às vezes pela estrada enluarada
-----------C7--------- F7---------------------- E7----- A7
Julgo ouvir uma toada que ela para mim cantava
------Dm7---------------------- Am7
Quando eu era feliz e não pensava
-------------------------------B7
Que a desgraça em minha porta
------------E7----------- Am
Passo a passo me rondava


----E7---------------------------- Am
Depois que ela partiu eu fiquei triste
------------F -----------E7
Nada mais pra mim existe
----------------------Am-------- A7
Vivo no mundo a penar
--------Dm7-------------------------- Am
E quando eu penso nela oh grande Deus

-----------------------Bb---- E7 ---Am
Eu sinto nos olhos meus triste lágrima a rolar

Italiana

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Italiana (valsa) - 1936 - Osvaldo Santiago, Paulo Barbosa e José maria de abreu

Eu em tua voz ouvi
Gondoleiros a cantar
E Veneza entrevi
Flutuando ao luar
Na luz do teu olhar

Tu és italiana uma canção de amor
Teu beijo é para mim dos Alpes uma flor
Abriu-se em minh´alma um vulcão
Vesúvio da minha paixão

Tu és italiana a tela de um pintor
A musa de um poeta, a lira de um cantor
Teu riso me traz fragor de cristais
Enredos de romances sensuais

Favela

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A gravação de uma canção pode algumas vezes depender de circunstâncias que nada têm a ver com seus méritos artísticos. Este é o caso de "Favela", o belo samba de Roberto Martins e Valdemar Silva, que se tornou um clássico de nossa música popular.
Martins já estava cansado de ter "Favela" rejeitada por Francisco Alves quando, num almoço em casa de uma amiga comum, o cantor se interessou por uma cadelinha pertencente à anfitriã. Conhecendo a história da rejeição, a moça propôs: "Grave 'Favela' que eu lhe dou a cachorrinha". Três dias depois, Alves tirou "Favela" do ineditismo.
A esta gravação, seguiram-se muitas outras - é a música mais gravada de Roberto Martins -, que têm intérpretes como Carlos Galhardo, Sílvio Caldas, Ataulfo Alves, Maysa, o internacional Carlos Ramirez, e orquestras rivais como as de Zaccarias e Severino Araújo. Aliás, devem-se essas e outras gravações instrumentais ao fato de a composição se prestar otimamente a execuções dançantes. Uma homenagem ao legendário morro carioca, "Favela" foi precedida em três anos por uma canção homônima, de Hekel Tavares e Joracy Camargo, também de muito sucesso.
Favela (samba) - 1936 - Roberto Martins e Valdemar Silva---clique para ouvir amostra da música
--E7------------ Am
Favela, oi Favela
-----F--------------------------- E7---- A7
Favela que trago no meu coração
----------Dm -----------Dm6
Ao recordar com saudade
-------Am
A minha felicidade
-----F--------------------- E7
Favela dos sonhos de amor
--------------------Am
E do samba-canção
----E7
Hoje tão longe de ti
---Am
Se vejo a lua surgir
E7
Eu relembro a batucada
-------------------A7
E começo a chorar
-----Dm ------------------Dm6
Favela das noites de samba
----Am
Berço dourado dos bambas
------F-------------------- E7 ----Am
Favela, é tudo o que eu posso falar
----E7
Minha favela querida
----Am
Onde eu senti minha vida
----E7
Presa a um romance de amor
------------------A7
Numa doce ilusão
-------Dm--------------- Dm6
Em uma saudade bem rara
----------Am
Na distância que nos separa
---------F--------------- E7---- Am--- F--- Am
Eu guardo de ti esta recordação.

É bom parar

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O samba mais cantado no carnaval de 1936 foi "É Bom Parar", também conhecido como "Por que bebes tanto assim, rapaz", verso inicial da música: "Por que bebes tanto assim, rapaz? / Chega, já é demais / Se é por causa de mulher é bom parar / porque nenhuma delas sabe amar".
Este estribilho foi mostrado a Francisco Alves pelo autor, Rubens Soares, um boxeador, campeão carioca e brasileiro na categoria de pesos médios. Então, sem nada informar a Rubens, Chico procurou Noel Rosa, que, pela quantia de 200 mil-réis, completou o samba com duas segundas partes primorosas, em que se destacam versos como "de ti não terei mais pena / é bom parar por aí / quem não bebe te condena / quem bebe zomba de ti" e "não crês, conforme suponho / nesses versos de canção / mais cresce a mulher no sonho / na taça e no coração"' - os dois últimos, uma irônica alusão à valsa "A Mulher que Ficou na Taça", de Chico e Orestes Barbosa, que foi sucesso em 1934.
Embora essa história (relatada por João Máximo e Carlos Didier em Noel Rosa, uma Biografia) fosse bastante conhecida no meio musical da época, o samba "É Bom Parar" ficou mesmo sem o nome de Noel na parceria. Rubens Soares é autor de outros sucessos como "Nega do cabelo duro" e "Solteiro é Melhor".
É bom Parar (samba/carnaval) - 1936 - Rubens Soares---clique para ouvir amostra da música
C------------------------ Dm
Por que bebes tanto assim rapaz?
----G7 --------------C-- C7-- B7-- Bb7
Chega, já é demais
-----A7---------------- Dm
Se é por causa de mulher
É bom parar
-------C------ A7----- D7
Porque nenhuma delas
---G7----- C ----C7-- B7-- Bb7
Sabe amar

------------------------Dm
Se tu hoje estás sofrendo
----------G7------------- C
É porque Deus assim quer
-------------------------G7
E quanto mais vai bebendo
-----------C
Mais lembras desta mulher
----------------------------F7
Não crês, conforme suponho,
-----------E7 -----------Am
Nestes versos de canção:
------------F#º--------------- C -----A7
"Mais cresce a mulher no sonho, --oi
-------D7 ------G7--- C
Na taça e no coração"

-------------------------Dm
Sei que tens em tua vida
---------G7 ------------C
Um enorme sofrimento
-----------------------------G7
Mas não penses que a bebida
---------------------C
Seja um medicamento
-------------------------F7
De ti não terei mais pena
------E7 -----------Am
É bom parar por aí
---------------F#º-------- C -----A7
Quem não bebe te condena, ---oi
-----------D7 ----G7--- C
Quem bebe zomba de ti

Dama do Cabaré

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Foi uma das muitas músicas que Noel Rosa fez para o seu grande amor Juracy Correia de Morais, a Ceci (foto ao lado). O verso ‘‘Mas você se despediu e foi pra casa a pé’’, lembrando que Ceci dispensara carona de um bom carro, contém uma informação que deve ser correta, pois ela trabalhava no Cabaré Apolo, na Lapa, e morava perto, na rua Gomes Freire, onde dividia um apartamento com uma amiga.
Curioso é que Noel conservou este samba inédito durante cerca de dois anos, tirando-o da gaveta em 1936 para entrar no filme Cidade Mulher, de Carmem Santos e Humberto Mauro.

Dama do Cabaré (samba) - 1936 - Noel Rosa---clique para ouvir amostra da música

Intr.: Bb7 Eb7 A7 Dm

G7 C7 F°
Foi num cabaré da Lapa que eu conheci você
F D7 Gm
Fumando cigarro, entornando champanhe no seu soirée
G#° F/A Eb7 D7
Dançamos um samba, trocamos um tango por uma palestra
G7 C7 F Gm6/Bb
Só saímos de lá meia hora depois de descer a orquestra
A7 Dm A7 Dm
Em frente à porta um bom carro nos espera.....va
A7 D7
Mas você se despediu e foi pra casa a pé
Gm A7 Dm A7 Dm
No outro dia lá nos Arcos eu anda..va
E7 A7
à procura da Dama do Cabaré
Dm A7 Dm
Eu não sei bem se chorei no momento em que li...a
A7 D7
A carta que recebi (não me lembro de quem)
Gm A7 Dm A7/E Dm/F
Você nela me dizia que quem é da boemia
Bb7 Eb7
usa e abusa da diplomacia
A7 Dm G7
Mas não gosta de ninguém, foi num cabaré da Lapa...