quinta-feira, 5 de julho de 2007

Joaquim Antônio da Silva Callado Jr.

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Joaquim Antônio da Silva Callado, flautista e compositor, nasceu em 11 de julho de 1848 no Rio de Janeiro e faleceu em 20 de março de 1880. É considerado o pai dos chorões e foi o mais popular músico do Rio de Janeiro imperial. Começou estudando flauta e piano em casa com seu pai, que era mestre da Banda Sociedade União de Artista, e aos oito anos já aprendia composição e regência com Henrique Alves de Mesquita. Antes de completar 18 anos, já se apresentava em bailes e saraus familiares. Pouco depois, fez sua primeira apresentação em concerto, como flautista, para a família imperial.
Sua composição de estréia, "Querosene", foi feita em 1863, aos 15 anos, e o primeiro sucesso em 1867, uma quadrilha chamada "Carnaval". No mesmo dia do lançamento, 19 de junho, seu pai faleceu de endocardite aos 52 anos.
No dia 13 de janeiro de 1869, a sua primeira polca foi publicada, chamada “Querida por todos”, dedicada à Chiquinha Gonzaga. Em 1873, Callado compôs “Lundu Característico”, que foi o primeiro lundu apresentado num concerto. Este fez tanto sucesso que ele foi nomeado para a cadeira de flauta do Império no Conservatório de Música. Em 1875, foram publicadas as polcas “Como é bom” e “Cruzes, minha prima!”.
Neste mesmo período, Callado criou o primeiro grupo de choro. Inicialmente composto por dois violões, uma flauta e um cavaquinho. O grupo começou adotando a polca-de-serenata, que trazia passagens modulantes em ritmo acelerado. No começo, o choro possuía improvisações, em que os violões criavam o ambiente para a flauta solar e o cavaquinho fazia um papel intermediário entre eles. Callado foi parceiro de Viriato Figueira da Silva, Ismael Correia, Lequinho e outros chorões. Era amigo do compositor de modinhas Chiquinho Albuquerque e do flautista belga Matheus André Reichert, que D. Pedro II contratou para animar os Saraus do Paço em 1859. Em 1879, Callado recebeu a mais alta condecoração do Império: A Ordem da Rosa. Um ano depois, no dia 20 de março de 1880, falece de meningo-encefalite perniciosa.
Depois de onze dias, foi colocada à venda sua última composição, a polca Flor amorosa (clique para ouvir a música). No dia 17 de dezembro de 1883, alguns músicos organizaram um festival e com a renda construíram um único mausoléu no cemitério de São Francisco Xavier para unir os restos mortais de Callado e Viriato Figueira da Silva, que faleceu em 1883. A transferência dos restos foi realizada no dia 27 de julho de 1885.
Obra completa: Adelaide, quadrilha, s.d.; Ai, que gozos, polca, s.d.; ; Aurora, quadrilha, s.d.; Capricho característico, polca, s.d.; Carnaval de 1867, quadrilha, 1867; Celeste, polca, s.d.; Choro, s.d.; As cinco deusas, quadrilha, s.d.; Como é bom, polca, 1875; Como é bom o que é bom!, quadrilha, s.d.; Conceição, polca, s.d.; Consoladora, polca, s.d.; Cruzes, minha prima!, polca, 1875; A dengosa, polca, s.d.; A desejada, polca, 1880; Ermelinda, polca, s.d.; Ernestina, polca, s.d.; Familia Meyer, quadrilha, s.d.; Fantasia para flauta, choro, s.d.; Flor amorosa (com versos de Catulo da Paixão Cearense), polca, 1880; As flores do coração, quadrilha, s.d.; Florinda, polca, s.d.; Hermenêutica, valsa, s.d.; Honorata, polca, s.d.; Imã, polca, 1873; Improviso, polca, s.d.; Isabel, polca, s.d.; Laudelina, quadrilha, s.d.; Lembrança do cais da Glória, polca, s.d.; Linguagem do coração, polca, 1872; Lírio fanado, recitativo, 1882; Lundu característico, 1873; Manuela, quadrilha, s.d.; Manuelita, quadrilha, s.d.; Maria, polca, s.d.; Maria Carlota, polca, s.d.; Mariquinhas, polca, s.d.; Mimosa, quadrilha, s.d.; Não digo, polca, s.d.; Uma noite de folia, quadrilha, s.d.; O que é bom, é bom!, quadrilha, s.d.; Olhos de Ana, polca, s.d.; Pagodeira, polca, s.d.; Pagodeira, quadrilha, s.d.; Perigosa, polca, s.d.; Perigoso, choro, s.d.; Polca em dó maior, s.d.; Polucena, polca, s.d.; Puladora, polca, s.d.; Quem tocar, toca sempre, polca, s.d.; Querida por todos, polca, 1869; O regresso de Chico Trigueira, polca, s.d.; Rosinha, polca, s.d.; Salomé, polca, s.d.; Saturnina, quadrilha, s.d.; Saudade do cais da Glória, polca, s.d.; Saudades de Inhaúma, quadrilha, s.d.; Saudosa, polca, s.d.; A sedutora, polca, s.d.; Sete de novembro, polca, s.d.; Sousinha, quadrilha, 1869; Suspiro, quadrilha, s.d.; Suspiros de uma donzela, quadrilha, s.d.; Último suspiro, polca, s.d.; União comercial, polca, s.d.; Valsa, s.d.; Vinte e Um de Agosto, polca, s.d.; Vinte e Um de Junho, polca, s.d.

Fonte: WMmulher, Enciclopédia da música brasileira, Editora Art e Cifrantiga.
Calado
"Callado foi um flauta de primeira grandeza, e ainda hoje é lembrado e chorado pelos músicos desta época, pois as suas composições musicais nunca perdem o seu valor, na sua flauta, quando em bailes, serenatas (que eram feitas em plena rua pois naquele tempo eram permitidas não havendo intervenção da polícia). Callado tornou-se um Deus para todos que tinham felicidade de ouvi-lo. Os acompanhamentos era violão, cavaquinho, oficlide, bombardão, instrumentos estes que naquela época faziam pulsar os corações dos chorões, quando eram manejados pelos batutas da velha guarda, como sejam: Silveira, Viriato, Luizinho, etc.

Callado e Viriato foram tão amigos em vida como na morte, e assim compreendendo os músicos daquela época organizaram um festival e com o produto do mesmo mandaram construir um mausoléu do lado direito do Cemitério de São Francisco Xavier, onde se acham os dois juntinhos dormindo o sonho da eternidade, dando assim uma recordação perpétua aos chorões de agora, que ao passarem naquele mausoléu curvam-se respeitosamente em homenagem a aquelas duas entidades, que as atuais gerações ainda não deram iguais.

Contavam alguns daqueles tempos que também já dormem o sono dos justos, que Callado foi chamado para um concerto num dos teatros desta cidade ao qual compareceu com a sua flauta maravilhosa, mas o grande músico deixando a sua flauta deitada na estante um oficial do mesmo ofício, desparafusou uma das chaves de seu instrumento sem que ele percebesse afim de quando fosse tocar a mesma pular, e Callado fazer um grande fiasco, mas o seu intento não deu o resultado esperado, pois apesar da chave ter saído fora do lugar, Callado, a força de beiço tocou toda a partitura sem perturbar-se, sendo muito abraçado e cumprimentado por aqueles que souberam do fato, estando neste meio o velho Imperador que condecorou com o título de Comendador.

Callado não era só músico para tocar de primeira vista, como também para compor qualquer choro de improviso, quantas vezes achava-se tocando em um baile de casamento, batizado, aniversário ou outra qualquer reunião e se nesta ocasião qualquer dama ou cavalheiro pedisse para escrever um choro em homenagem ao festejado, Callado, não dizia que não, passava a mão em qualquer papel quando não trazia o próprio, riscava a lápis e zaz! Punha-se a escrever, daí a momento entregava a um chorão presente que a executando tornava-se um delírio para todos os convivas pela clareza e pela linda inspiração da mesma. Callado foi o rei da música daquele tempo".
O Choro - Reminiscências dos chorões antigos - 1936 (Alexandre Gonçalves Pinto)

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