sexta-feira, 3 de agosto de 2007

Mário de Andrade

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Mário de Andrade (Mário Raul de Morais Andrade). Poeta, escritor, musicólogo, folclorista, crítico, jornalista. São Paulo SP 9/10/1893—id. 25/2/1945. Filho de Carlos Augusto de Andrade e de Maria Luísa de Morais Andrade fez estudos secundários no Ginásio do Carmo, dos irmãos maristas, em São Paulo.

Em 1911, matriculou-se no Conservatório Dramático e Musical de São Paulo nos cursos de música, piano e canto, diplomando-se em 1917. Publicou os primeiros ensaios de crítica de arte em jornais e revistas, e seu primeiro livro, Há uma gota de sangue em cada poema (São Paulo, 1917). Foi o início de uma atividade intelectual das mais vigorosas da história literária e artística do país.

Em 1922 tornou-se professor de história da música e de estética musical do conservatório onde se diplomara e publicou Paulicéia desvairada, obra pioneira da poesia modernista do Brasil. A crítica conservadora cobriu o livro e seu autor de insultos e ápodos, ressalvando-se, entretanto, os pronunciamentos de Amadeu Amaral e João Ribeiro, que demonstraram compreensão para o “movimento modernista” que se iniciava e que culminou com a realização da Semana de Arte Moderna, no Teatro Municipal, de São Paulo, em fevereiro de 1922, e da qual terá sido, possivelmente, a figura principal.

Em 1924 assumiu no conservatório a cátedra de história da música e de piano. Somente depois de ter publicado algumas Obras de literatura — poesia, prosa e crítica — voltou-se para a música, com uma série de Obras em que fixou as bases teóricas para a formação de uma consciência musical brasileira. Com o Ensaio sobre a música brasileira (São Paulo, 1928) esboçou os rumos para a sistematização dos estudos musicológicos no Brasil.

No ano seguinte publicou o Compêndio de história da música (São Paulo, 1929), depois reescrito e reintitulado Pequena história da música (São Paulo, 1942), e a seguir Modinhas imperiais (São Paulo, 1930), antologia de peças do século XIX, precedida de um prólogo e de notas bibliográficas em que aborda em profundidade a história da modinha brasileira de salão. Em Música, doce música (São Paulo, 1933) reuniu escritos, conferências e crítica.

Em 1935 foi nomeado pelo prefeito Fábio Prado para a direção do então criado Departamento de Cultura, da prefeitura de São Paulo. Teve nesse encargo a colaboração de Paulo Duarte, que o indicara ao prefeito. Criou os parques infantis, a Discoteca Pública Municipal, e, para incentivar o cultivo da música, empregou recursos oficiais na criação da Orquestra Sinfônica de São Paulo, do Quarteto Haydn (depois Quarteto Municipal), do Coral Paulistano e de um Coral Popular.

Desligou-se do Departamento de Cultura em 1936 e assumiu, no Rio de Janeiro, o Instituto de Artes, da Universidade do Distrito Federal, onde também passou a reger a cátedra de filosofia e história da arte. Desse ano é o ensaio A música e a canção populares no Brasil, editado pelo Serviço de Cooperação Intelectual do Ministério das Relações Exteriores, e depois incluído no volume VI das Obras completas.

Ainda em 1936 efetuou o tombamento dos monumentos históricos paulistas para o Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, que ajudara a projetar. Em 1937 fundou a Sociedade de Etnografia e Folclore de São Paulo e foi um dos organizadores do I Congresso da Língua Nacional Cantada, cujos trabalhos constam dos Anais publicados em 1938 pelo Departamento de Cultura da prefeitura de São Paulo.

Em 1939, com a extinção da Universidade do Distrito Federal, passou a trabalhar no Serviço (hoje Instituto) do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional. Elaborou, na época, o projeto de uma Enciclopédia Brasileira, nunca materializado.

Em 1940 o Instituto Brasil - Estados Unidos publicou sua conferência A expressão musical dos Estados Unidos, incluída no volume VII das Obras completas. Retornou a São Paulo em 1941, onde passou a ser assessor técnico da seção paulista do IPHAN e reassumiu a cátedra de história da música no Conservatório Dramático e Musical de São Paulo. Nesse ano a Editora Guaíra, de Curitiba PR, lançou seu livro Música do Brasil, contendo estudos sobre história e folclore, incluídos nos volumes XI e XVIII das Obras completas.

Foi uma das inteligências mais construtivas do Brasil e sua obra atesta uma atividade intelectual e artística que se desdobram em setores dos mais variados aspectos, como a questão da língua nacional e os problemas fonéticos do canto erudito e da declamação lírica em vernáculo. Suas contribuições para o desenvolvimento da música no Brasil seriam depois enaltecidas por Camargo Guarnieri e Francisco Mignone, entre muitíssimos outros.

Influenciou por todo o país o trabalho de pesquisa do folclore musical, em particular o de Frutuoso Viana e o de Luciano Gallet (reuniu as pesquisas deste último em Estudos de folclore, Rio de Janeiro, 1934, para o qual escreveu um ensaio histórico e critico).

Em fevereiro de 1970 a Biblioteca Municipal Mário de Andrade dedicou-lhe número especial de seu Boletim bibliográfico, contendo, além de estudos, uma “Cronologia geral da obra de Mário de Andrade”. Inúmeros trabalhos e escritos seus publicados em revistas e jornais foram incorporados às suas Obras completas, cuja publicação, iniciada em 1944 pela Livraria Martins Editora, de São Paulo, compreende 20 volumes, dos quais os volumes XIII (Música de feitiçaria no Brasil, 1963) e XVIII (Danças dramáticas do Brasil, 3 tomos, 1959) foram organizados por Oneyda Alvarenga (sistematização geral, introdução e notas).

Dos demais volumes relacionados com música e folclore brasileiros citem-se: VI — Ensaio sobre a música brasileira (Ensaio sobre a música brasileira; A música e a canção populares no Brasil), 1962; VII — Música, doce música (Música doce música; A expressão musical nos Estados Unidos), organizado por Oneyda Alvarenga, 1963; VII — Pequena história da música, 1942; IX — Namoros com a medicina (Terapêutica musical; Medicina dos excretos), s.d.; XI — Aspectos da música brasileira (Evolução social da música no Brasil; Os compositores e a língua nacional; A pronúncia cantada e o problema nasal brasileiro através dos discos; O samba rural paulista; Cultura musical), 1965; XVI — Padre Jesuíno do Monte Carmelo, 1963; Modinhas imperiais, 1964.

Fonte: Enciclopédia da Música Brasileira - Art Editora e PubliFolha.

Dori Caymmi

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Dori Caymmi (Dorival Tostes Caymmi), compositor, arranjador, instrumentista e cantor, nasceu no Rio de Janeiro RJ em 26/8/1943. Filho do cantor e compositor Dorival Caymmi e da ex-cantora Stella Maris (Adelaide Tostes Caymmi), estudou piano dos oito aos 11 anos, inicialmente com Lúcia Branco e depois com Nise Poggi Obino.
Nesse período, estudou também teoria musical no Conservatório Lorenzo Fernandez e, mais tarde, harmonia com Paulo Silva e Moacir Santos. Seu primeiro trabalho como profissional foi acompanhar ao piano sua irmã Nana Caymmi, em 1959. Um ano depois trabalhou com o Grupo dos Sete, que fazia trilhas sonoras para peças apresentadas pela televisão.
Foi diretor musical da peça Opinião, encenada no teatro do mesmo nome, no Rio de Janeiro, em 1964, e da montagem carioca de Arena conta Zumbi, em 1966. De 1964 a 1966 trabalhou para a gravadora Philips, na produção de discos de artistas como Edu Lobo, Eumir Deodato e Nara Leão.
Como violonista e arranjador apresentou-se, em 1965, com Francis Hime em show da boate carioca Bottle’s. No ano seguinte, participou de espetáculo no Teatro de Bolso, com Francis Hime, Vanda Sá e Vinícius de Moraes.
Em parceria com Nelson Mota, participou de vários festivais de música realizados no Brasil. Ainda em 1966, venceram a parte nacional e ficaram em segundo lugar na parte internacional do 1 FIC, da TV-Rio, do Rio de Janeiro, com a música Saveiros, interpretada por Nana Caymmi. No ano seguinte classificaram-se em nono lugar no II FIC, da TV Globo, com Cantiga, cantada pelo MPB-4, conseguindo também colocação entre os dez primeiros no III FMPB, da TV Record, de São Paulo SP, com a música O cantador, defendida por Elis Regina, um dos maiores sucessos da parceria, gravada no exterior por Sérgio Mendes e Carmen Mc Rae.
Outros êxitos da dupla, nessa época, foram De onde vens, gravada por Elis Regina e Nara Leão, e Festa, gravada por Jair Rodrigues, Elis Regina e Sérgio Mendes.
Como violonista e arranjador, integrou o sexteto do saxofonista Paul Winter, com quem excursionou pelos EUA e Canadá. Foi o responsável, em 1967, pela direção musical do primeiro LP de Caetano Veloso e Gal Costa, Domingo, e do de Gilberto Gil.
Fez trilhas sonoras para filmes, entre eles Casa assassinada, do diretor Paulo César Sarraceni, 1971, contando com a parceria de Tom Jobim; Tati, a garota, de Bruno Barreto, em 1973, trabalhando com Paulo César Pinheiro; e O duelo, de Paulo Tiago, em 1974.
Trabalhou também na TV Globo, fazendo a trilha sonora da novela Gabriela (1975), entre outras. Radicado em Los Angeles, E.U.A., desde 1989, em setembro de 1997 esteve no Rio de Janeiro para compor, orquestrar e gravar a trilha sonora de Bela Donna, filme de Fábio Barreto.
Em Los Angeles grava com Qwest, que pertence a Quincy Jones, tendo sido indicado para receber o Grammy.
Obras: O cantador (c/Nelson Mota), 1967; Cantiga, 1967; De onde vens (c/Nelson Mota), s.d.; Saveiros (c/Nelson Mota), 1966.
Fonte: Enciclopédia da Música Brasileira - Art Editora e PubliFolha.

Danilo Caymmi

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Danilo Caymmi (Danilo Cândido Tostes Caymmi), instrumentista, compositor e cantor nasceu no Rio de Janeiro RJ em 7/3/1948. Filho de Dorival Caymmi e da ex-cantora Stella Maris (Adelaide Tostes Caymmi), começou a estudar flauta com Lenir Siqueira, aos 15 anos, época em que também aprendeu a tocar violão com o irmão Dori.
Depois, cursou música na Pró-Arte, do Rio de Janeiro, com as professsoras Odete Ernest Dias (flauta) e Felicia Wang (teoria musical). Sua primeira composição gravada foi De brincadeira, em 1967, num disco de Mário Castro-Neves.
Como flautista, tocou ao lado do pai no LP Caymmi visita Tom (Elenco). Sua canção Andança (com Edmundo Souto e Paulinho Tapajós) obteve o terceiro lugar no III FIC, da TV Globo, do Rio de Janeiro, em 1968; e em 1969 foi o vencedor do festival de Juiz de Fora MG com Casaco marrom (com Renato Correia e Gutemberg Guarabira). Descontente com problemas de direitos autorais, gravou pouco, preferindo trabalhar em shows com a família e Edu Lobo.
Gravou na Odeon, em 1973, disco em que canta as próprias composições, com participação de Toninho Horta, Novelli e Beto Guedes. No ano seguinte, ao lado do pai e irmãos, apresentou-se em shows durante a Feira da Bahia, no Anhembi, em São Paulo.
Em 1983 passou a integrar a banda de Tom Jobim, participando da maioria dos arranjos. Em 1989, convidado pelo produtor Mariozinho Rocha, começou a compor para séries, minisséries e novelas da TV Globo, como Riacho Doce, Teresa Batista, Corpo e Alma, Mulheres de Areia e outras.
No início da década de 1990, continuou sua carreira de cantor, gravando na RGE em 1993. Um ano depois passou para a EMI, onde gravou três CDs Danilo Caymmi (1994), Sol moreno (1995) e Mistura brasileira (1997).
Obras: Andança (c/Edmundo Souto e Paulinho Tapajós), 1968; Brasil nativo (c/Paulo César Pinheiro), 1985; Casaco marrom (c/Renato Correia e Gutemberg Guarabira), 1968; Meu menino (c/Ana Terra), 1974; O que é o amor (c/Dudu Falcão), 1993; Vamos falar de Tereza (c/Dorival Caymmi), 1994.
CDs: Sol moreno, 1995, EMI 8357912; Mistura brasileira, 1997, EMI 8574822.
Fonte: Enciclopédia da Música Brasileira - Art Editora PubliFolha.

Carlito Jazz

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Conjunto instrumental organizado no Rio de Janeiro em 1926 pelo baterista Carlito (Carlos Blassifera ?—Rio de Janeiro 1956), a pedido da senhora Rasimi, proprietária da companhia francesa Bataclan, para acompanhar as apresentações da companhia no Teatro Lírico.
Além de Carlito, baterista e líder, o conjunto era integrado por Donga, que tocava violão e banjo, pelo trompetista Sebastião Cirino, pelo pianista Augusto Vasseur, pelo violinista João Wanderley, pelo saxofonista Orosino e pelo trombonista Zé Povo.
O grupo apresentou-se com a companhia em São Paulo, Salvador e Recife, de onde seguiu para Paris, França. Na capital francesa, através do embaixador Sousa Dantas, atuou durante três meses no cabaré Palermo, com o nome de Carlito et son Orchestre. Apresentaram-se em outros cabarés, até que, ainda em 1926, depois de uma temporada no café Anglais, Donga e Wanderley deixaram o grupo e voltaram ao Brasil.
Vários instrumentistas europeus substituíram os brasileiros que foram se desligando do conjunto; viajando para a Itália, novamente foi contratado pela companhia Bataclan, que realizava uma tournée. Retornando a Paris, Carlito, junto com Sebastião Cirino e o trombonista Leonel, substituto de Zé do Povo, exibiram-se tocando antigos sucessos brasileiros no cabaré Ermitage, de emigrados russos; passaram alguns anos na Turquia e voltaram à França em 1930 a tempo de se apresentar na Grande Exposição Colonial de Paris, acompanhando a famosa vedete negra Josephine Baker.
Após uma temporada no cabaré Eve e vários anos no Chez les Nudistes, de Montmartre, em fins de 1939, com o início da Segunda Guerra Mundial, Carlito e seus companheiros voltaram para o Brasil, depois de 14 anos na Europa.
Contratada pela Rádio Ipanema, do Rio de Janeiro, a 15 de agosto de 1940, a orquestra Carlito Jazz dissolveu-se pouco tempo depois. A partir de 1940, o líder, Carlito, atuou ainda como empresário de revistas teatrais. Quando morreu, em 1956, era funcionário do Teatro Municipal, do Rio de Janeiro.
Fonte: Enciclopédia da Música Brasileira: erudita, folclórica e popular. São Paulo, Art Ed., 1977. 3p.

Carlinhos Brown

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Carlinhos Brown (Antônio Carlos Santos de Freitas), compositor, cantor e instrumentista, nasceu em. Salvador BA em 23/11/1964. Criado no Candeal Pequeno, antigo quilombo e hoje bairro pobre da periferia de Salvador, foi discípulo do motorista aposentado Osvaldo Alves da Silva, o Mestre Pintado do Bongô, que lhe ensinou tudo o que sabia sobre percussão.
No início da década de 1980, na gravadora WR, em Salvador, assimilou técnicas de gravação e produção em estúdio. Sensível ao movimento mundial da música contemporânea (adotou seu nome artístico inspirado em James Brown, papa da soul music norte-americana), passou a pesquisar e codificar os ritmos da tradição afro-brasileira.
Em 1984, Luís Caldas gravou Visão do ciclope, sua primeira composição a fazer sucesso nas rádios. No ano seguinte, já integrava a banda de Caetano Veloso, que gravou no LP Estrangeiro (1989) sua composição Meia lua inteira, depois incluída na trilha sonora da novela Tieta, da TV Globo.
No início dos anos de 1990, criou e passou a liderar a Timbalada, banda de tambores de origem africana (timbaus) com mais de 120 instrumentistas e cantores, que depois do sucesso alcançado no carnaval baiano, gravou cinco discos na Polygram — o último foi Mãe de samba, lançado em 1997.
Outros de seus projetos são a Bolacha Maria, uma banda só de mulheres, e a Lactomia, banda percussiva formada por crianças e adolescentes do Candeal e de bairros vizinhos de Salvador.

Em 1993 assinou cinco das 13 músicas do disco Brasileiro, de Sérgio Mendes, ganhador de um prêmio Grammy, no mesmo ano. Em 1996 lançou seu primeiro CD solo, Alfagamabetizado.
Gravou com músicos das mais diferentes tendências como Herbie Hancock e o grupo Sepultura; artistas como Gal Costa, Daniela Mercury, Nando Reis, Marisa Monte, Cássia Eller e Herbert Viana, entre outros, gravaram suas composições ou foram seus parceiros.
CD: Alfagamabetizado, 1996, EMI 364838269-2.
Fonte: Enciclopédia da Música Brasileira - Art Editora PubliFolha.

Baby do Brasil

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Baby Consuelo (Bernadete Dinorah de Carvalho Cidade), cantora e compositora, nasceu em Niterói RJ em 18/7/1952. Aos nove anos, ganhou da mãe o primeiro violão; cresceu ouvindo Vinícius de Moraes, Dorival Caymmi Beatles e João Gilberto.
Em 1966 mudou seu nome para Baby Consuelo; dois anos depois, foi morar em Salvador BA, onde ficou conhecendo Pepeu, guitarrista do recém-formado conjunto Os Novos Baianos, que passou a integrar como vocalista e percussionista.
Em 1978 iniciou carreira solo com o disco O que vier eu traço, que incluía Menino do Rio (Caetano Veloso), um de seus maiores êxitos. Lançou ainda os discos Pra enlouquecer (1980), Canceriana telúrica (1981) — com o sucesso Todo dia era dia de Índio —, Cósmica (1982), Krishna Baby (1984), Sem pecado e sem juízo (1985), Ora pro nobis (1991).
Depois de uma peregrinação a Santiago de Compostela, Espanha, mudou seu nome para Baby do Brasil. Em 1997, reencontrou Os Novos Baianos, para gravar o CD duplo Infinito circular (Globo/Polydor); no mesmo ano, lançou o CD Um, que marcou seu ingresso na dance music.
CD: Um, 1997, BMG/Ariola 7432145483.
Fonte: Enciclopédia da Música Brasileira - Art Editora PubliFolha