quarta-feira, 4 de julho de 2007
João Pernambuco
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Jorge Galati
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Em 1904, foi regente da banda de música ítalo-brasileira de Araraquara. Compôs nesse ano aquela que se tornaria uma das mais célebres valsas interioranas brasileiras, Saudades de Matão, batizando-a como Francana. Os habitantes de Matão, cidade vizinha de Araraquara, é que iriam dar o nome pelo qual a composição se tornaria conhecida.
Por volta de 1905, a música passou a ser tocada no Rio de Janeiro, sem indicação de autoria. Segundo Ary Vasconcelos, o acordeonista e compositor uberabense Antenógenes Silva diz ser o autor da melodia, o que parece não ter sido confirmado. Em 1938, Saudades de Matão (clique para escutar a música) recebeu letra de Raul Torres. Em 1940, a Odeon lançou disco do acordeonista Atílio Cizotto, em que executa duas valsas de sua autoria: A voz do coração e Laura.
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Antenógenes Silva
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Em 1927 mudou-se para Ribeirão Preto SP, e iniciou carreira artística; em 1928 estava em São Paulo SP, onde começou a tocar no Bar Excelsior e na Rádio Educadora Paulista. Em 1929 gravou dois discos na Victor paulistana, com o choro Gostei de tua caída e a valsa Norma, ambas de sua autoria.
Em 1933 mudou-se para o Rio de Janeiro RJ, assinando contrato com a Victor. Tornou-se nacionalmente conhecido e fez tournée em Buenos Aires, Argentina. Em 1934 passou a gravar na Odeon. Como acordeonista, acompanhou vários artistas, nacionais e internacionais, e foi o primeiro a tocar música lírica no Teatro Municipal. Aprendeu harmonia, solfejo e orquestração, e teve aulas com Guerra Peixe. Prosseguiu os estudos interrompidos na infância e, em 1949, formou-se em química industrial.
Em 1957, na Alemanha, no festival de gaitas Honner, ganhou o primeiro prêmio tocando sanfona de oito baixos, sendo reconhecido como um dos melhores do mundo.
Entre seus maiores sucessos estão as valsas Saudades de Matão (Jorge Galati e Raul Torres, com seu arranjo), em 1938, e Ave Maria (Erothides de Campos), com voz de Augusto Calheiros, em 1939. E, entre suas composições, destacam-se Pisando corações (com Ernani Campos), gravada com Augusto Calheiros, em 1936; as valsas Uma grande dor não se esquece (com Ernani Campos) e Santa Teresinha, gravada com Gilberto Alves, em 1943; Mês de Maria, em 1947, gravada com Alcides Gerardi; e muitas outras.
Conhecido como O Mago do Acordeom, gravou, de 1929 a 1963, cerca de 162 discos em 78 rpm, com 324 músicas, e vários LPs. Manteve por muitos anos, no Rio de Janeiro, uma escola de acordeom para profissionais, com cursos de teoria, solfejo e harmonia.
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Mauro de Almeida
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Marcelo Tupinambá
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Fontes: Enciclopédia da Música Brasileira - Art Editora e Publifolha; A Canção no Tempo - Jairo Severiano e Zuza Homem de Mello - Editora 34; The Boeuf Chronicles.
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Patápio Silva
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O instrumentista e compositor Patápio Silva nasceu no município de Itacoara, Rio de Janeiro em 22 de outubro de 1881 e faleceu em 24 de março de 1907, na cidade de Florianópolis, Santa Catarina. Passou a infância na cidade mineira de Cataguases, onde o pai era barbeiro, e desde menino interessou-se por música, aprendendo a tocar em flauta de folha-de-flandres. O pai ensinou-lhe seu ofício, e nas horas vagas o menino praticava na flauta, ingressando, aos 15 anos, na banda de música da cidade. Nessa época estudou solfejo e teoria musical tom o maestro italiano Duchesne, que vivia em Cataguases, e, conseguindo comprar uma flauta de chaves, deixou a cidade e passou a tocar em diversas bandas da região.
Atuou em seguida nas bandas de cidades fluminenses, como São Fidélis, Miracema, Santo Antônio de Pádua e Campos, e em 1901 transferiu-se para o Rio de Janeiro RJ, indo morar no bairro da Lapa. Trabalhou inicialmente como barbeiro e depois como tipógrafo, matriculando-se no I.N.M., na classe de flauta do professor Duque Estrada Meyer.
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Oscar de Almeida
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Os Geraldos
english mobileGeraldo Magalhães, cantor, nasceu no Rio Grande do Sul em 31/5/1878 e faleceu em Lisboa, Portugal, em 11/7/1970. Dançarino e cançonetista, lançou-se artisticamente no Rio de Janeiro RJ em fins do séc. XIX, apresentando-se no Salon Paris, da Rua do Ouvidor. A partir de 1900 passou a exibir-se em casas de chope e cafés cantantes do bairro carioca da Lapa e da área teatral da Praça Tiradentes - no Moulin Rouge e na Maison Moderne - sempre acompanhado da "castelhana" Margarita, com quem formava a dupla Os Geraldos.
Por volta de 1905 estabeleceu nova dupla com a gaúcha Nina Teixeira, exibindo-se em cançonetas picantes e dançando maxixes, inclusive no pequeno palco do Passeio Público.
Ocasionalmente apresentavam-se fora do Rio de Janeiro, como em 1902, quando foram contratados para a inauguração de um café-concerto em Santos SP. Em fins de 1908 a dupla viajou para o México e de lá para a Europa, lançando no início de 1909, em Paris, França, o tango-chula Vem cá mulata, que eles mesmos haviam gravado três anos antes em disco da Casa Edison, do Rio de Janeiro. Voltando ao Brasil ainda em 1909, trouxe como partenaire a portuguesa Alda Soares, com quem lançou a novidade do one step com a canção norte-americana Caraboo (Sam Marshall). Com letra em português de Alfredo de Albuquerque, essa canção seria um dos grandes sucessos do Carnaval carioca de 1916.
A dupla Os Geraldos retornou à Europa, provavelmente nos primeiros anos da década de 1920, atuando no teatro musicado de Lisboa até 1926, quando ele se retirou da vida artística. Vendedor de uma companhia de vinhos a partir de 1937, ainda voltou ao palco eventualmente, ao lado de Alda, com quem viveu em Lisboa até a morte aos 92 anos. Sobrevivendo ao companheiro apenas alguns meses, Alda Soares morreu em princípios de 1971.
Fonte: Enciclopédia da Música Brasileira - Art Editora / Publifolha
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Pedro de Alcântara
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Pixinguinha
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Alfredo da Rocha Vianna Filho, o Pixinguinha, nasceu em 23 de Abril de 1897; durante muito tempo aceitou-se o ano de 1898 como o de seu nascimento, fato aceito inclusive pelo próprio músico. Esta data baseava-se em uma lista do pai de Pixinguinha, escrita à mão, com as datas dos nascimentos dos filhos. O erro foi corrigido recentemente, já que na certidão de batismo, datada de 28 de Maio de 1898, constava que o nascimento ocorrera um ano antes, no dia 23 de abril. O apelido Pixinguinha é uma mistura de Pizindim (pequeno bom), posto por uma prima, com Bexiguinha, que surgiu depois que ele contraiu bexiga.
A família Vianna era numerosa; dos catorze filhos, muitos cantavam e tocavam instrumentos. O caçula, Pixinguinha, começou no cavaquinho e acompanhava o pai que tocava flauta em alguns bailes. Logo começou a estudar música, experimentando também o bombardino e aos doze anos, compunha sua primeira obra, o choro Lata de leite, inspirado nos boêmios (os chorões da época), que bebiam o leite deixado nas portas das casas, quando retornavam das noitadas e dos bailes. A casa dos Vianna reunia chorões ilustres, como Candinho do Trombone, Viriato, Bonfiglio de Oliveira, e muitos outros. O menino Pixinguinha tentava reproduzir numa flautinha de folha, algumas das músicas executadas. Em pouco tempo começaria a ter aulas e em 1911 o professor Irineu "Batina" levaria o aluno para tocar flauta na orquestra da Sociedade Dançante e Carnavalesca Filhas da Jardineira. São desta época os primeiros registros em jornais sobre Pixinguinha, ainda como Alfredo Vianna Júnior.
Neste ano gravou seus primeiros discos, como componente do conjunto Choro Carioca; são eles: São João debaixo d'água, Nhonhô em sarilho e Salve (A Princesa de Cristal). No ano seguinte já era diretor de harmonia do rancho Paladinos Japoneses e fazia parte do conjunto Trio Suburbano. Em 1912 participou de cinco discos, de uma só face, que fazem parte do acervo do professor Mozart Araújo. Aos quinze anos já tocava profissionalmente na Casa de Chope La Concha. Depois trabalhou em cassinos, cabarés e teatros.
Em 1915 Pixinguinha era destaque da emergente Música Popular Brasileira. Já havia gravado discos e editado músicas de sucesso. Os jornais da época começavam a citar o jovem flautista. Em 1917 o músico era solicitado para as principais festas carnavalescas. Dois anos depois, formou-se o conjunto Oito Batutas, composto de flauta, violões, piano, bandolim, cavaquinho e percussão. Em breve o conjunto se tornava moda também nos salões elegantes, e a aristocracia já cansada da música erudita, se renderia ao charme dos rapazes "morenos". O sucesso dos "Batutas" começava a incomodar e os ataques foram muitos. A sociedade carioca imitava os modos e a cultura européia; para muitos era uma vergonha ter uma orquestra de pretos no Rio de Janeiro, mas os rapazes venceram e em breve estavam viajando por outros estados, sempre com estrondoso sucesso. Em Janeiro de 1922 Os Oito Batutas embarcam em um navio, rumo a Paris, com os bailarinos Duque e Gaby. A temporada deveria ser de um mês, mas o sucesso fez com que o grupo permanecesse por mais cinco meses. Os Batutas, composto entre outros, por Donga e China (seu irmão), apresentaria à França a ginga carioca, com muito samba, swing e maxixe.
Ary Barroso foi um dos primeiros a protestar contra a forma como os sambas - e outros ritmos brasileiros - estavam sendo gravados, nos momentos da expansão da indústria fonográfica no Brasil. Não que tivesse algo de pessoal contra os maestros e instrumentistas estrangeiros encarregados de executar nossas músicas, mas bastava simplesmente ouvi-los para sentir a falta de sotaque brasileiro. Os arranjos obedeciam à escola italiana, os músicos tocavam como nos velhos tempos dos maxixes, não se observava a presença de ritmistas nas orquestras, faltando molho e sabor nacionais às gravações.
A solução veio com um gênio negro nascido no Rio de Janeiro, em 1898, e que, aos 12 anos, já era considerado o maior flautista da cidade. No futuro, viria a sê-lo também do Brasil e, em termos de música popular, talvez do mundo. Alfredo da Rocha Viana Filho, o Pixinguinha, que já tivera a grande experiência internacional liderando os Oito Batutas em Paris, era nome conhecido e respeitado como músico e líder, quando sua carreira de arranjador, uma guinada em seu destino e no da música popular brasileira, aconteceu.
Acerta o passo (c/Benedito Lacerda), choro, 1950; Agüenta, seu Fulgêncio (c/Lourenço Lamartine), choro, 1929; Ai, eu queria, samba, 1928; Ainda existe, choro, 1928; Ainda me recordo (c/Benedito Lacerda), maxixe, 1932; Amigo do povo, choro, 1928; Assim é que é, polca, 1957; Os batutas (c/Duque), samba, s.d.; Bebe (c/Paulino Sacramento), 1957; Benguelê, lundu, 1946; Bianca (c/Andreoni), valsa, s.d.; Buquê de flores (c/W. Falcão), marcha-rancho, 1968; Cafezal em flor (c/Eugênio Fonseca), canção, 1931; Caixa alta, 1975; Canto em rodeio, 1992; Carinhoso, choro, 1928; Carinhoso (c/João de Barro), samba, 1937; Carnavá tá aí (c/Josué de Barros), marcha, 1930; Carne assada, 1913; Casado na orgia (c/João da Baiana), samba, 1933; Casamento do coronel Cristino, polca-choro, 1930; Um caso perdido, samba, s.d.; Cascatinha, 1957; Céu do Brasil (c/Gomes Filho), marcha-rancho, 1940; Cheguei (c/Benedito Lacerda), choro, 1946; Chorei, choro, 1942; Um chorinho no parque São Jorge (c/Salgado Filho), choro, 1958; Um chorinho pra Elisete, 1975; Os cinco companheiros, choro, 1942; Cochichando (c/Alberto Ribeiro e João de Barro), choro, 1944; Cochicho, 1961; Conversa de crioulo (c/Donga e João da Baiana), samba de partido-alto, 1931; Cuidado, colega (c/Benedito Lacerda), choro, 1948; Dança dos ursos, samba, 1930; Dançando, fox-trote, 1922; Dando topada, maxixe polca, 1957; De mal pra pior (c/Hermínio Belo de Carvalho), s.d.; Descendo a serra (c/Benedito Lacerda), choro, 1947; Desencanto, 1975; Desprezado, choro, 1929; Devagar e sempre (c/Benedito Lacerda), choro, 1949; Dininha (c/Benedito Lacerda), valsa, 1948; Diplomata, 1975; Displicente (c/Benedito Lacerda), choro, 1950; Os dois que se gostam, tango, 1919; Dominante, tango, 1916; Ela e eu (c/Benedito Lacerda), polca, 1947; Encantadora, polca, 1928; Estou voltando, choro, 1932; Eu sou gozado assim, samba, 1931; Fala baixinho (c/Hermínio Belo de Carvalho), choro, 1964; Festa de branco, samba, 1928; Uma festa de Nanã (c/Gastão Viana), lundu, 1941; Flausina (c/Pedro Gaudino), 1957; Foi muamba (c/Índio), samba, 1930; Fonte abandonada (c/Índio), canção, 1931; Fraternidad, tango, 1928; Gargalhada, 1968; O gato e o canário (c/Benedito Lacerda), polca, 1949; Gavião calçudo, samba, 1929; Glória, valsa, 1934; Guiomar (c/Baiano), marcha, 1929; Hal hu! lahô! (c/Donga e João da Baiana), samba de partido-alto, 1931; Harmonia das flores (c/Hermínio Belo de Carvalho), choro, 1964; Hino de Ramos (c/Alberto Lima), 1966; Os home implica comigo (c/Carmem Miranda), samba, 1930; Infantil, choro, 1928; Ingênuo (c/Benedito Lacerda), choro, 1947; Inspiração, 1975; Iolanda, valsa, 1935; Ipiranga, fox-trot, 1922; Isso é que é viver (c/Hermínio Belo de Carvalho), choro, 1964; Isto não se faz (c/Hermínio Belo de Carvalho), choro, 1964; Já andei (c/Donga e João da Baiana), batucada, 1932; Já te digo (c/China), samba carnavalesco, 1919; Jardim de Ilara (c/C. M. Costa), canção, s.d.; Joaquim virou padre, 1992; Knock-out, fox-trot, s.d.; Lá-ré, polca, 1923; Lamento (c/Vinícius de Morais), choro, 1962;Lamentos, choro, 1928; Lata de leite, 1911; Leonor, samba, 1930; Levanta, meu nego, maxixe, 1931; Lusitânia, canção, s.d.; Mais quinze dias, choro, 1964; Mais três dias, 1964; O malhador (c/Donga e Mauro de Almeida), samba carnavalesco, 1918; Mama, meu netinho (c/Jararaca), marcha, 1941; Mamãe Isabé (c/João da Baiana), macumba, 1933; Marilene (c/Benedito Lacerda), choro, 1950; Marreco quer água, polca, 1959; Maxixe de ferro (diosé Nunes), 1957; A menina do sobrado (c/Benedito Lacerda), choro, 1951; O meu conselho, samba, 1931; Meu coração não te quer (c/E. Almeida), choro, 1941; Minha cigana (c/Benedito Lacerda), marcha, 1947; Minha gente, 1962; Mis tristezas solo lloro, tango, 1928; Morro da favela, maxixe, 1917; Morro do Pinto, maxixe, 1917; Mulata baiana (c/Gastão Viana), samba-jongo, 1938; Mulher boêmia (c/Lamartine Babo), samba, 1928; Mundo melhor (c/Vinícius de Morais), 1967; Não gostei dos teus olhos (c/João da Baiana), samba, 1933; Não me digas, 1975; Não posso mais, choro, 1953; Não tem nome, polca, 1913; Naquele tempo (c/Benedito Lacerda), choro, 1946; Naquele tempo, choro, 1934; Nasci pra domador (c/Valfrido Silva), samba, 1933; No elevador, choro, 1964; Noite e dia (c/W. Falcão), choro-canção, 1968; Nostalgia ao luar, valsa, 1919; Número um, choro, 1928; Os Oito Batutas (c/Benedito Lacerda), tango, 1919; Onde foi Isabé, embolada, 1929; Oscarina, valsa, 1934; Paciente, choro, 1959; Pagão (c/Benedito Lacerda), choro, 1947; Página de dor (c/Índio), valsa, 1959; Papagaio sabido (c/C. Araújo), samba, 1930; Passatempo, 1968; Patrão, prenda seu gado (c/Donga e João da Baiana), chula raiada, 1931; Pé de mulata, samba, 1928; Poema de raça (c/Z. Reis e Benedito Lacerda), samba, 1955; Poética, polca, s.d.; Pombinha (c/Donga), samba carnavalesco, 1919; Por você fiz o que pude (c/Cícero de Almeida), samba, 1936; Pretensiosa, polca, 1928; Proezas do Sólon (c/Benedito Lacerda), choro, 1947; Promessa, samba, 1928; Pula sapo, 1971; Que perigo, choro, 1955; Que querê (c/Donga e João da Baiana), macumba, 1932; Quem foi que disse, samba, 1928; Raiado (c/Gastão Viana), samba, 1931; Rancho abandonado (c/Índio), canção, 1930; O rasga, 1977; Recordações, 1975; Recordando, choro, 1935; Rosa, valsa, 1917; Rosa (c/Otávio de Sousa), valsa-canção, 1937; Salto do grilo, 1975; Samba de fato (c/Cícero de Almeida), samba de partido-alto, 1932; Samba de nego, 1928; Samba do urubu (Variações sobre Urubu), 1971; Samba fúnebre (c/Vinícius de Morais), 1971; Samba na areia, samba, 1929; Sapequinha, polca- choro, 1926; Sarravulho, 1975; Saudade de Santa Cruz (c/Muraro), choro, 1948; Saudação, 1992; Saudade do cavaquinho (c/Muraro), choro, 1946; Sedutor (c/Benedito Lacerda), choro, 1949; Segura a mão (c/Benedito Lacerda e Mário), choro, 1950; Segura ele, choro, 1929; Sensível, 1977; Sentimento oculto, 1996; Seresteiro (c/Benedito Lacerda), choro, 1949; Seu Lourenço no vinho (c/Benedito Lacerda), choro, 1948; Sofres por que queres (c/Benedito Lacerda), tango, 1917; Solidão, choro, 1964; Soluços (c/Benedito Lacerda), choro, 1949; Sonho da Índia (c/N. N. e Duque), fox, s.d.; Sonhos, 1975; Só para moer (c/Benedito Lacerda), choro, 1950; Stella (c/De Castro e Sousa), fox-blue, s.d.; Tapa buraco, choro, 1926; Te encontrei, 1975; Teu aniversário, choro, 1950; Teus ciúmes, samba, 1930; Triangular, choro, 1942; Tristezas não pagam dívidas, valsa, s.d.; Um a zero (c/Benedito Lacerda), choro, 1949; Urubatã (c/Benedito Lacerda), choro, 1929; Urubu, samba, 1923; O urubu e o gavião, choro, 1930; Vagabundo (c/Benedito Lacerda), choro, 1951; Vaga-lume sorrindo, polca, 1917; Vagando (c/Benedito Lacerda), choro, 1951; Vamos brincar, choro, 1928; Variações sobre o urubu e o gavião (c/Benedito Lacerda), choro, 1945; Vasconcelos em apuros, 1977; Vem cá! não vou!, choro, 1929; Vi o pombo gemê (c/Donga e João da Baiana), batucada, 1932; A vida é um buraco, choro, 1930; Você é bamba (c/Cícero de Almeida), samba, 1936; Você não deve beber (c/Manuel Ribeiro), samba, 1940; Vou pra casa, choro, 1964; Vou vivendo (c/Benedito Lacerda), choro, 1946; Xou Kuringa (c/Donga e João da Baiana), macumba, 1932; Yaô africano (c/Gastão Viana), lundu, 1938; Zé Barbino (c/Jararaca), canção, 1941.
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Duque
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Mais tarde, abandonou o teatro para dedicar-se à dança, onde se destacou por criar coreografia própria, com figurações exóticas, para as danças brasileiras, especialmente o maxixe, que empolgava a sociedade de então. Sem deixar a profissão de dentista, apresentava-se dançando nos clubes noturnos.
Em 1909 passou seu consultório a outro dentista e foi para Paris, França, como representante de um produto farmacêutico, até que apareceu a oportunidade de exibir-se nos salões e teatros da capital francesa, dançando o maxixe. Fez grande sucesso ao lado de Maria Lino e Arlette Dorgère, e, já famoso, inaugurou em 1913 o Dancing Palace, no Luna Park, apresentando-se ao lado de sua partenaire Gaby, acompanhado pela Orquestre dês Hawaiens. Foi responsável pela transformação do maxixe e outras danças, consideradas no Brasil de baixa origem, em ritmos elegantes e apreciados nas altas rodas. Pouco depois, ainda na capital francesa, abriu uma escola de danças e fez apresentações em Londres, Inglaterra, e Nova York, Estados Unidos.
Retornando ao Brasil em 1915, fundou uma academia de danças e no ano seguinte excursionou para Montevidéu, Uruguai, e Buenos Aires, Argentina. Atuou também no cinema, sendo protagonista, ao lado de Gaby, do filme Entre a arte e o amor (direção Angle Brazilian), em 1918. Três anos depois voltou a Paris para tomar parte num campeonato de danças modernas, e em 1922, no Brasil, apresentou-se no elegante cabaré carioca Assírio, com o conjunto Oito Batutas.
Obtendo na época financiamento do milionário Armando Guinle, promoveu a ida do conjunto para a França, com o objetivo de divulgar o samba e outros ritmos brasileiros aos franceses, como ele próprio já o fizera com sucesso em relação ao maxixe. Em Paris, o conjunto rebatizado por ele de Les Batutas, apresentou-se com grande êxito no dancing Scheherazade. De volta ao Rio de Janeiro, passou a dedicar-se ao jornalismo, como cronista teatral. Nessa época, compôs algumas músicas, como os sambas Os batutas (com Pixinguinha) e o Cachorro da mulata (com China).
Em 1926 seu maxixe Cristo nasceu na Bahia (com Sebastião Cirino) obteve grande sucesso e em julho do ano seguinte duas composições suas, o samba Passarinho do má e a marcha Albertina, foram gravadas na Odeon por Francisco Alves, nas duas faces do primeiro disco produzido eletricamente no Brasil.
Em 1929 outro samba de sua autoria, Sarambá (com J. Tomás), obteve grande sucesso. Dois anos depois, findou, nos escombros do antigo Teatro São José, a Casa de Caboclo, inaugurada em 9 de setembro de 1932, teatro típico que apresentava burletas de estilo sertanejo. Na inauguração estavam presentes como padrinhos da iniciativa, os poetas Ana Amélia de Queirós Carneiro de Mendonça e Olegário Mariano, Pixinguinha dirigindo um pequeno conjunto musical, e a famosa dupla Jararaca e Ratinho. Com o sucesso, a companhia teatral mudou-se para o Teatro Fênix. A Casa de Caboclo marcou época na vida artística brasileira, tendo lançado grandes artistas como Derci Gonçalves.
Em 1939 assumiu o cargo de diretor do Cassino Atlântico e no ano seguinte encerrou as atividades de sua companhia teatral, depois de uma infeliz excursão a Buenos Aires. Permanecendo no cassino até 1942, dedicou o resto da vida ao teatro. Na década de 1950 ingressou na política, candidatando-se a vereador pelo Partido Republicano, no Rio de Janeiro.
Fonte: Enciclopédia da Música Brasileira – Editora Art
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Sebastião Cirino
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Em 1923 apresentou-se no cabaré Fênix, como trompetista do conjunto Oito Cutubas, organizado por Donga depois da dissolução dos Oito Batutas . Esse grupo não durou muito e, no mesmo ano, passou a integrar o Brazilian Jazz, organizado por J. Tomás, que estreou no Cinema Central e, em seguida, atuou em vários teatros musicados da Praça Tiradentes.
Seu maior sucesso como compositor foi o maxixe Cristo nasceu na Bahia (com Duque) lançado em 1926 e incluído na revista Tudo preto, encenada no Teatro Rialto, pela Companhia Negra de Revistas. Contratado pelo conjunto Carlito Jazz, viajou para a Europa em 1926, onde ficou até 1939, tendo recebido do governo francês a cruz de honra de cavalheiro de Educação Cívica, por exibições gratuitas em espetáculos beneficentes.
No Brasil, organizou uma orquestra só de negros, que se apresentava no Cassino Atlântico. Continuou compondo e fazendo arranjos e, em junho de 1954, participou do espetáculo Noite da Velha Guarda, realizado na boate do Hotel Glória, no Rio de Janeiro, no qual tocou ao lado de Pixinguinha, João da Baiana, Alfredinho Flautim e outros.
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Hermes Fontes
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Alexandre Gonçalves Pinto
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Alexandre Gonçalves Pinto, instrumentista, Rio de Janeiro (RJ), primeira metade do século XX. Carteiro de profissão, tocava flauta, violão e cavaquinho. Publicou O choro - Reminiscências dos chorões antigos, Rio de Janeiro, 1936.
Esse importante documento, além de traçar a vida e a obra dos chorões da velha guarda e dos chorões de então, revivendo grandes artistas já esquecidos, descreve fatos e costumes dos antigos pagodes, a partir de 1870, constituindo-se em rico repositório de informações sobre a formação dos conjuntos instrumentais que passariam à história sob a denominação de choro.
A obra está disponível no formato "pdf" e pode ser copiada no endereço abaixo:
O Choro (Reminiscências dos chorões antigos), 1936- Alexandre Gonçalves Pinto
Fonte: Enciclopédia da Música Brasileira - Art Editora
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Xisto Bahia
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Xisto Bahia (Xisto de Paula Bahia), compositor, cantor e ator, nasceu em Salvador (BA), em 6/8/1841, e faleceu em Caxambu (MG), em 30/10/1894. O pai, o major Francisco de Paula Bahia, casado com Teresa de Jesus Maria do Sacramento, recebeu como prêmio por sua participação nas campanhas da Cisplatina e Independência a administração da fortaleza de Santo Antônio de Além do Carmo, onde o filho nasceu e iniciou sua carreira musical, como comediante amador e seresteiro. Aos 17 anos já cantava suas primeiras modinhas.
Escreveu e representou comédias no grupo Regeneração Dramática, do qual era presidente o futuro visconde do Rio Branco, levadas à cena no teatro da Rua São José de Cima. Com a morte do pai, em 1858, tentou, sem conseguir, trabalhar no comércio, decidindo-se então pela carreira teatral. Em 1859 apresentou-se como corista (barítono) da Companhia Lírica Clemente Mugnai, no Teatro São João, de Salvador. Transferiu-se depois para a companhia de seu cunhado, o ator Antônio Araújo, com a qual viajou pelas principais cidades da província. Em 1861 tocava e cantava chulas e lundus de sua autoria na companhia organizada peio comendador Constantino do Amaral Tavares, na época diretor do Teatro São João. Em 1864 foi contratado pelo empresário Couto Rocha, excursionando durante dez anos pelo Norte do país.
No Ceará, em 1866, atravessou uma crise de depressão, por considerar sua carreira fracassada, o que o levava a entrar em cena sem saber seu papel nas comédias. Recuperou-se, entretanto, no Maranhão: atendendo aos conselhos do crítico Joaquim Serra, passou a estudar sob a direção de Joaquim Augusto. Os resultados não tardaram. Logo depois, voltou a se apresentar com sucesso no Ceará, retornando consagrado à Bahia em 1873. A Companhia de Mágicas de Lopes Cardoso, na qual ingressou, montou então a comédia de sua autoria Duas páginas de um livro, impressa em 1872 no Maranhão, de conteúdo abolicionista e republicano.
Em 1875 estreou no Rio de Janeiro, no Teatro Ginásio, na Companhia de Vicente Pinto de Oliveira. Essa atuação representou grande salto na sua carreira, surgindo daí o convite para atuar em outras comédias, gênero para o qual sua contribuição foi marcante. Corriam paralelamente suas carreiras de comediante, de compositor e de intérprete. Tanto a modinha como o lundu eram grandes atrações da época: o sentimentalismo da primeira como a irreverência da segunda eram admirados nos salões. No Rio de Janeiro, surgiu como concorrente de Laurindo Rabelo, que fazia grande sucesso com seus versos maliciosos e satíricos, utilizando a mesma linguagem chistosa. O publico dividiu-se entre um e outro, e essa competição veio a influenciar o teatro de costumes, que passou a adotar a gíria e a linguagem popular de sentido dúbio.
Em 1875 trabalhou na peça Uma véspera de Reis, de Artur Azevedo, que conseguira a aprovação de Rui Barbosa, então diretor do Conservatório Dramático de Salvador, para montá-la. Representou o papel do tabaréu Bermudes com tal imaginação, que o autor da peça, em artigo publicado em O País, de 7 de novembro de 1894, considerou-o como seu parceiro. Apresentada pela primeira vez no Teatro São João, essa peça de Artur Azevedo marcou o sucesso definitivo do ator.
Em 1878, no drama As duas órfãs, inaugurou o Teatro da Paz, de Belém (PA), e no ano seguinte voltou a exibir-se na Bahia, pela última vez, com Pontes de Oliveira, indo em seguida para o Rio de Janeiro. Aí passou a integrar o conjunto de Furtado Coelho, encabeçando o elenco de Jacinto Heller.
Em 1880 recebeu os aplausos de Pedro II, pelo seu desempenho na peça comemorativa da batalha do Riachuelo, Os perigos do coronel. Atuou em teatros de São Paulo e Minas Gerais, sempre com sucesso. Em 1887 passou a dirigir o Teatro Lucinda, do Rio de Janeiro, onde montou cerca de cinco revistas e mágicas.
Em 1891 afastou-se do palco, obtendo do então presidente do Estado do Rio de Janeiro, Francisco Portela, um lugar de amanuense na Penitenciária de Niterói, que ocupou até 1892. Voltou à cena pela última vez no Teatro Apolo (Rio de Janeiro) na Companhia Garrido, com a mágica O filho do averno, de Eduardo Garrido. Pelo sucesso alcançado com a peça, Artur Azevedo escreveu um perfil do artista, publicado no semanário Álbum.
Em 1892 recebeu convite do empresário português Sousa Bastos para uma temporada no Teatro das Novidades, de Lisboa, Portugal, a qual não chegou a se realizar devido à revolta da Armada, ocorrida em setembro daquele ano.
Em 1893, já doente, retirou-se para Caxambu, onde morreu em 1894, deixando viúva a atriz portuguesa Maria Vitorina de Lacerda Bahia e quatro filhos, Augusto, Maria, Teresa e Manuela. Sem qualquer formação musical, notabilizou-se por seu talento espontâneo, instintivo. Sua produção, embora pequena, é de excelente qualidade, valorizando-se por seu estilo ao violão e sua bela voz de barítono.
Ficaram célebres as interpretações de algumas de suas obras, como a modinha Quis debalde varrer-te da memória, e o famoso lundu Isto é bom, com o qual a Casa Edison iniciou em 1902 suas gravações de música popular brasileira. O disco, com a marca Zon-o-phone e o n° 10.001, traz a interpretação do cantor Bahiano.
Último ato
"Está na terra, na terra que ele tanto ama, o simpático e inteligente ator Xisto Bahia. Depois de uma longa ausência, ausência que lhe deu ensejo de mostrar ao Sul um talento superior, que se criou no Norte, e que lá viu glorificar-se; depois de receber as ovações de um público ilustrado, eis que aporta às nossas plagas o verdadeiro intérprete da arte dramática, que encontra em cada paraense um amigo, em cada cidadão um apologista do talento, do merecimento real. Um aperto de mão, Xisto Bahia! Depois do abraço fraternal, cumprimos um dever apresentando o filho da arte ao público paraense".
Como mostra a nota publicada em março de 1884 no Diário de Notícias, em Belém, se elogios pudessem ser transformados automaticamente em dinheiro, os bolsos de Xisto de Paula Bahia estariam cheios de notas gordas. Aclamado pelo público e pela crítica, o problema de Xisto era justamente a falta de uma remuneração justa, pelo menos comparável à importância que já havia alcançado no teatro brasileiro.
Nos jornais e revistas, ele era aclamado como "o mais brasileiro de todos os atores", como escreveu Arthur Azevedo na publicação Álbum. Em casa, ele era o marido da atriz Maria Vitorina e o pai de cinco filhos: Augusto, Maria, Augusta, Thereza e Manuela. Como todo pai que se prezava, queria dar uma vida digna à família. Era exatamente isso que o atormentava.
"Consumido, torturado por não poder assegurar aos filhos e à esposa o conforto da vida e um futuro independente, foi salteado sempre pelas provações da pobreza", diz o sobrinho de Xisto, o jornalista Torquato Bahia, num texto publicado no Anuário de baianos ilustres, de 1910. Luiz Américo Lisboa Júnior explica que, mesmo com todo o reconhecimento, Xisto sentia-se deprimido por não conquistar independência financeira. "Não tinha outra alternativa a não ser representar e cantar suas modinhas para sobreviver. Por outro lado, decepcionava-se com o ambiente que lhe dera fama, incomodava-se com a falta de ética e o aspecto meramente mercantil nos bastidores dos teatros entre agentes e organizadores de temporadas", explica.
Américo Lisboa ressalta que, apesar do momento difícil, Xisto continua a atuar com sucesso e, em 1887, recebe o convite da empresa Dias Braga para dirigir o Teatro Lucinda, no Rio de Janeiro, na função de ator e administrador. "Sob sua direção, o Teatro Lucinda passa a ser o primeiro do Rio de Janeiro a ter iluminação elétrica, o que foi um feito notável para a época", revela o pesquisador.
Desilusão
Mas a desilusão de Xisto com a profissão parecia estar além do sucesso que alcançava com suas peças. Por isso, afasta-se do palco em 1891, quando obtém um emprego do então presidente do estado do Rio de Janeiro. Um dos maiores artistas do país abandonava o teatro para se tornar escrevente da penitenciária de Niterói. A mudança é sintomática. Com a habilidade de disfarçar a própria tristeza, como saber a realidade que o ator enfrentava no cotidiano para tomar essa decisão?
Mas, assim como passou pouco tempo atuando no comércio durante a adolescência, o próprio destino se encarregaria de afastar Xisto do novo emprego. Um ano depois, em 1892, com a deposição do presidente, ele foi demitido. Voltou à cena, e apesar do período afastado, reapareceu com o mesmo sucesso de antes no Teatro Apolo, ao lado das atrizes baianas Isabel Porto e Clélia Araújo. Em 1893, uma nova possibilidade poderia ter mudado o rumo da vida de Xisto. Ele foi convidado pelo empresário português Souza Bastos para interpretar seus personagens no Teatro das Novidades, em Lisboa. Mas a Revolução da Armada, desencadeada em 6 de setembro desse mesmo ano, frustrou a excursão.
Toda essa série de acontecimentos nos leva de volta ao ano de 1887. Com a caneta à mão e a carta por responder, Xisto não escuta mais os aplausos. Pensa nos filhos e na mulher, e volta a redigir a carta ao amigo Tomaz Antônio Espiúca. "Tu saíste quando se manifestavam os primeiros sintomas da decomposição geral que lavrava no teatro desse espantalho chamado império do Brasil. Eu, porém, fiquei e fui preso do contágio. Fiquei e hoje, para mim, o hábito constituiu-se lei, que jamais poderei derrogar, senão quiser arriscar-me a sucumbir na luta. Queres voltar? Queres comer novo pão, ainda mais amargo e duro do que o que já comeste? Ah! Não venhas, eu t´o peço. Como teu amigo velho e prático nestas coisas teatrais, faço a mais descarnada e franca oposição ao teu regresso".
Esta carta é um dos poucos momentos em que Xisto despe-se de todos os seus papéis, tira o riso da face, mostra a dor e a desilusão que guardava dentro de si. É esse Xisto que parte com a família, em 1894, para a cidade mineira de Caxambu, em busca de tratamento para uma doença até hoje não explicada. Segundo Torquato Bahia, o mal teria sido conseqüência de "padecimentos antigos". Caxambu, que fica no sul do estado e tem clima de montanha, é considerado o maior complexo hidromineral do mundo. A água de suas 12 fontes é considerada miraculosa e possui propriedades que teriam poderes curativos sobre problemas digestivos, hepáticos, de formação dos ossos e de pele, além da anemia.
Em 1868, foi lá que a princesa Isabel se curou de uma suposta infertilidade. Mas nem as águas de Caxambu, nem os saberes do médico baiano Paulo Fonseca, que teria cuidado de Xisto sem cobrar nada, apenas pela amizade, foram suficientes para fazê-lo sobreviver. No dia 30 de outubro de 1894, aos 53 anos, um dos maiores artistas brasileiros do século XIX se despedia da vida. Arthur Azevedo, o dramaturgo e amigo que, assim como Xisto, lutara pela abolição da escravatura e pela República, escreveu uma carta em sua homenagem. Anos depois, o sobrinho de Xisto afirmaria: "Entre o seu berço, que é a pobreza cheia de esperanças, e o seu túmulo, que é a pobreza cheia de lúgubres tristezas, está a sua existência inteira, que é a pobreza crucificada pela dor e mascarada por um riso eterno".
Difícil mesmo é saber onde está o túmulo ao qual Torquato Bahia se refere. Os livros que falam, em algumas poucas linhas ou páginas, sobre a vida de Xisto, não fazem qualquer referência sobre onde estão os restos mortais do artista baiano. Na verdade, muito pouco tem se falado sobre Xisto e, com a falta de referências a ele, se perde uma parte importante da história da música e do teatro baiano e brasileiro. "Xisto, até hoje, ainda não recebeu um estudo suficientemente profundo para avaliá-lo e explicá-lo", opina o professor de etnomusicologia da Ufba, Manuel Veiga.
A Fundação Cultural do Estado publicou, em 2003, na Revista da Bahia, um artigo especial em homenagem a Xisto Bahia. "O que Chiquinha Gonzaga fez com a música de carnaval, levando-a para os salões da corte, ele faz na Bahia e em Belém", compara o co-editor da publicação e produtor cultural Sérgio Sobreira.
Referências esparsas
O artigo - assinado por Armindo Bião, Cristiane Ferreira, Ednei Alessandro e Carlos Ribas - reúne indicações de fontes e referências relacionadas ao artista baiano. Entre elas, uma rua que leva o nome do artista, no bairro do Engenho Velho da Federação. "Os monumentos que traduzem uma determinada ideologia estão em pontos privilegiados. Temos uma prática, aqui em Salvador, de considerarmos herói só aquele que parte em batalha. Não temos aqui um teatro municipal com o nome de Xisto Bahia", diz Jaime Sodré.
O cineasta e professor de história Joel de Almeida pensa em fazer um filme sobre a vida de Xisto há cerca de 15 anos. A idéia inicial era produzir um documentário, mas devido à escassez de informação audiovisual sobre o artista, ele fez, há quatro anos, o projeto de um curta-metragem de ficção, aliando a ele fatos verídicos da vida do ator. "Xisto era um artista que reunia todos os elementos da cultura brasileira. Ele antecipou, de certo modo, a Semana de Arte Moderna. Se ela veio despertar a sociedade brasileira, ele foi isso no século XIX, um pioneiro. Ele tinha uma comunicação visceral com o povo", analisa. O projeto do filme está concorrendo a um edital do governo. Já o livro de Luiz Américo Lisboa Junior, Compositores e intérpretes baianos - de Xisto Bahia a Dorival Caymmi, está pronto, à espera de edição.
O professor da Escola de Teatro e diretor da Funceb, Armindo Bião, já coordenou um grupo de pesquisas na Ufba que estudava, entre outras questões, a obra de Xisto Bahia. Os alunos produziram, em 2001, o espetáculo Isto é bom, em homenagem ao artista. Parte das composições de Xisto pode ser encontrada no site do Instituto Moreira Sales, como informam o professor Manuel Veiga e o pesquisador Luciano Carôso.
Em meio a essas iniciativas, ao empenho de profissionais da música, do teatro, da história e do cinema, fica ainda a impressão de que muito falta a ser dito sobre Xisto Bahia. O reconhecimento à sua obra e trajetória pode trazer informações valiosas que ajudem a entender melhor o panorama da música popular e do teatro brasileiros hoje. Na opinião de Jaime Sodré, parte desse esquecimento tem raízes num dos problemas contra os quais o próprio Xisto Bahia lutava: a discriminação. "Esse esquecimento é doloroso. É importante saber o fim dessas personalidades, quem são seus descendentes. O que faltou para Xisto entrar na história da música brasileira? Aí tem o fator racial. Existe uma historiografia nacional que produz essas personalidades que, às vezes, não têm a cara do Brasil mestiço".
Uma das mais profundas descrições sobre a personalidade difícil de ser decifrada de Xisto Bahia foi feita pelo sobrinho dele, Torquato, filho de seu cunhado, o ator Antônio da Silva Araújo. "Os que o encontraram em vida viram nele um espírito jovial e alegre; uma alma cheia de abnegação e amor; um boêmio e um filantropo, capaz de passar a noite cantando ao luar, e de vender o relógio para matar a fome à primeira boca necessitada que lhe pedisse pão. Mas, tendo sempre o cuidado de não deixar seu rosto, em que acusava uma expressão de bem-estar, trair-lhe as dores íntimas, denunciar os temores de sua alma".
Adriana Jacob (Correio da Bahia) - 25 de julho de 2005
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Almirante
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Um companheiro ouviu, a resposta virou brincadeira e nunca mais ninguém chamou Henrique a não ser por Almirante, que viria a ser A Maior Patente do Rádio. Henrique nasceu em 19 de fevereiro de 1908 no Rio, filho de Eduardo Foreis Domingues e de Maria José Foreis. Em 1914, morava em Juiz de Fora, onde o pai montara uma loja de armarinhos. Nessa cidade aprendeu a ler com professora particular. A família transferiu-se depois para Friburgo, no estado do Rio de Janeiro, e ele e seus três irmãos foram matriculados no Colégio Alemão.
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Alberto Marino
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Aos 15 anos fazia serenatas com seus companheiros do bairro e, numa dessas noites de boêmia, compôs Rapaziada do Brás, valsa que o tornaria famoso, gravada pela primeira vez em 1927 na fábrica Brasilphone de São Paulo, por seu Sexteto Bertorino Alma. Este pseudônimo, Bertorino Alma, é um anagrama de seu nome.
Foi um dos fundadores, em 1925, da Rádio Educadora Paulista (depois Gazeta), onde trabalhou como radialista. Regeu muitas vezes a orquestra do hoje extinto Teatro Colombo, no Largo da Concórdia, sendo autor de várias músicas, principalmente valsas.
Entre suas principais composições estão Luar de São Paulo (com letra posterior de Alberto Júnior), Senhoritas do Brás, O amor que faz viver (letra de Judas Isgorogota), Meigo olhar, Amarga serenata (com Jorge Amaral) e Tudo passa (letra de Marcino Marelo).
Em 1931-1932, enquanto durou a gravadora Arte-fone de São Paulo, na Mooca, cujo concessionário era Pedro Giordan, foi seu diretor-artístico. Diplomado em violino pelo Instituto Musical de São Paulo, em 1941, e em composição e regência pelo Conservatório Musical Osvaldo Cruz, de São Paulo, em 1957, passou a dedicar-se às funções de inspetor do Conservatório Musical Santa Cecília e professor do Conservatório Dramático e Musical de São Paulo. Foi maestro da Orquestra Sinfônica Municipal de São Paulo.
Em 1960 seu filho, Alberto Marino Júnior compôs uma letra para Rapaziada do Brás, gravada no mesmo ano por Carlos Galhardo,
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Angelino de Oliveira
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Araci Cortes
english mobileCantava e dançava maxixes no Democrata Circo, da Praça da Bandeira, no Rio de Janeiro, quando foi descoberta por Luiz Peixoto e levada para fazer teatro de revista. Com o pseudônimo de Araci Cortes, que lhe foi dado por Mário Magalhães, crítico teatral do jornal A Noite, fez grande sucesso nas décadas de 1920 e 1930.
Foi a responsável pelo lançamento de diversos compositores em revistas da Praça Tiradentes, como Ary Barroso, Zé da Zilda, Benedito Lacerda e outros. Em 1923 já era intérprete consagrada, com o sucesso do samba Ai, madama, incluído na revista Que pedaço, de Sena Pinto, com música de Paulino Sacramento, no Teatro Recreio.
Em 1925 estreou em disco, com três gravações na Odeon, Serenata de Toselli, A casinha (motivo mexicano com versão de Luiz Peixoto, mais conhecida como A casinha da colina e Petropolitana (sem autor no disco).
Em 1928 atuou na revista Miss Brasil, de Luiz Peixoto e Marques Porto, cantando o samba-canção Iaiá (Linda flor), com música de Henrique Vogeler, e uma terceira letra, Iaiá, ioiô, já então de Luiz Peixoto. A peça foi sucesso em dezembro de 1928 e janeiro de 1929, e sua interpretação desta música, gravada na Parlophon, fez sucesso no Carnaval de 1929.
Ainda em 1928, na peça Microlândia, de Luiz Peixoto, Marques Porto e Afonso de Carvalho, com música de Serafim Rocha e Sinhô, fez com grande êxito o lançamento do samba amaxixado Jura (Sinhô), que teve duas gravações simultâneas, por ela e por Mário Reis. Na revista Laranja da China, de Olegário Mariano, com música de Júlio Cristóbal, Pedro Sá Pereira e Ary Barroso, encenada no Teatro Recreio, interpretou o samba Vamos deixar de intimidade, responsável pelo lançamento de Ary Barroso como compositor.
Em 1932, na revista Angu de caroço, de Carlos Bittencourt, Luís Iglésias e Jardel Jércolis, estreada no Teatro Carlos Gomes, apresentou-se com grande êxito, ao lado de Sílvio Caldas, interpretando o samba Mulato bamba (Noel Rosa). Em 1933 o empresário Jardel Jércolis realizou a primeira excursão de uma companhia brasileira de revistas à Europa, sendo ela a estrela.
De 1929 a 1935 lançou 32 discos, a maioria pela Odeon, registrando sua melhor fase como intérprete. Em 1930 lançou, na revista Diz isso cantando, a música No morro (Ary Barroso e Luís Iglésias), que oito anos mais tarde seria reescrita e se tornaria o sucesso Boneca de piche. Em 1939, novamente no Teatro Recreio, atuou na revista Entra na faixa, de Luís Iglésias e Ary Barroso, na qual lançou o samba-exaltação Aquarela do Brasil.
Foi em 1953 que gravou, pela Odeon, seus últimos três discos de 78 rpm; em seguida, afastou-se do meio artístico. Atuaria no teatro de revistas até 1961, sendo a última É por aqui Sinhô, no Teatro Zaqui Jorge, no bairro carioca de Madureira.
Em 1965 o poeta e compositor Hermínio Belo de Carvalho promoveu sua volta ao palco no show Rosa de ouro, no Teatro Jovem, do Rio de Janeiro, no qual se apresentou ao lado de Paulinho da Viola e Clementina de Jesus, entre outros. Deste espetáculo resultaram dois LPs lançados pela Odeon, Rosa de ouro 1 (1965) e Rosa de ouro 2 (1967), nos quais participou em várias faixas.
Em 1976 deu recitais no Teatro Glauce Rocha, e, em 1978, no Teatro Dulcina. Em 1984, em comemoração aos seus 80 anos, foi lançado o LP Araci Cortes, uma coletânea com depoimentos da cantora, e o livro Araci Cortes, de autoria de Roberto Ruiz, ambos pela Funarte. Entre os seus grandes sucessos como cantora, estão ainda Quem me compreende (Benedito Vivas e Ary Barroso), Tem francesa no morro, maxixe que marcou a estréia de Assis Valente como compositor, e Os quindins de Iaiá (Pedro de Sá Pereira e Cardoso de Meneses).
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